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São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

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PAZ SOB ATAQUE

Cessar-fogo, negociado entre a ANP e o Hamas, serviria apenas para terroristas se reagruparem, dizem israelenses

Israel vê possível trégua com ceticismo

Abed Omar/Reuters
Noiva palestina passa com a família por posto de controle israelense em Nablus (Cisjordânia)


DA REDAÇÃO

Israel está encarando com ceticismo o possível cessar-fogo nos ataques contra alvos israelenses que o Hamas e outros grupos terroristas podem anunciar hoje.
O general Amos Gilad, que tem liderado as negociações de segurança com a Autoridade Nacional Palestina (ANP), disse que uma trégua temporária dos grupos terroristas palestinos irá apenas causar mais violência.
"Nenhuma esperança pode ser colocada nessa "hudna" [expressão islâmica para uma interrupção estratégica nos ataques contra o inimigo]. A "hudna" é apenas um cessar-fogo com o propósito de reorganização. Assim, [o Hamas] pode cometer atos ainda mais duros de assassinato", disse o general israelense.
O ministro da Defesa, Shaul Mofaz, acrescentou: "Os palestinos devem combater os grupos terroristas. O diálogo da ANP com essas organizações é problema deles."
O Hamas e outros grupos palestinos estão negociando com o premiê palestino, Abu Mazen, uma trégua nas ações contra alvos israelenses, inclusive dentro da Cisjordânia e da faixa de Gaza, segundo um mediador palestino.
Esses grupos já decretaram trégua em outras oportunidades, mas posteriormente voltaram a cometer atentados.
O novo plano de paz para o Oriente Médio prevê que a ANP desmantele os grupos terroristas, confiscando as suas armas e prendendo os seus militantes.
Mas os EUA, principais patrocinadores do plano, afirmam que o cessar-fogo pode ser uma solução temporária até que a ANP consiga reestruturar as suas forças de segurança para combater os grupos terroristas.
Autoridades palestinas, incluindo o chanceler Nabil Shaat e o chefe de gabinete Iasser Abed Rabbo, estavam otimistas ontem. Eles disseram que aguardavam uma resposta positiva dos grupos.
Mahmoud Zahar, uma das principais lideranças do Hamas, afirmou que não sabe quando será anunciado o cessar-fogo, mas que isso deve ocorrer em breve.
Já o xeque Ahmed Iassin, líder espiritual do Hamas, afirmou: "Não tomamos uma posição final porque existem obstáculos, como os ataques, os assassinatos e as incursões israelenses". No sábado, forças de Israel mataram Abdullah Kawasme, um dos comandantes do Hamas na Cisjordânia.

Barghouti
Entre as pessoas que negociam o cessar-fogo está Marwan Barghouti, um dos líderes da Intifada (levante contra a ocupação israelense) e do Fatah (facção política de Iasser Arafat e de Abu Mazen). Uma das figuras palestinas mais populares, ele está detido em Israel sob a acusação de envolvimento com o terrorismo.
Barghouti escreveu uma série de propostas de cessar-fogo para lideranças do Hamas que estariam sendo usadas nas negociações. No texto, ele pede que os grupos terroristas concedam uma chance a Abu Mazen para negociar um acordo com Israel.
Não está claro se Barghouti estaria articulando a sua libertação da prisão com o envolvimento nas negociações, conforme chegou-se a cogitar há algumas semanas.

Belém e Gaza
Autoridades israelenses e palestinas estavam próximas ontem de um acordo para a transferência da segurança de Belém (Cisjordânia) e da faixa de Gaza. A medida serviria de teste para a capacidade dos palestinos de combater o terrorismo nessas áreas.

Com agências internacionais


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