São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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Irã alardeia enriquecimento de urânio

Teerã afirma ter produzido 17 kg de urânio enriquecido a 20%, grau próprio para o uso médico, desde fevereiro

Prática foi justificativa de potências para não aprovar acordo entre Irã, Brasil e Turquia para troca de urânio


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Irã anunciou ontem já ter produzido mais de 17 kg de urânio enriquecido a 20%, grau próprio para uso medicinal, desde fevereiro, quando deu início a novo estágio em seu programa atômico.
Segundo o chefe da agência nuclear iraniana, Ali Akbar Salehi, Teerã poderia produzir cerca de cinco quilos por mês de urânio a esse nível. "Mas não estamos com essa pressa", disse Salehi.
O anúncio contraria pressões internacionais pela suspensão do programa nuclear e ocorre duas semanas depois de o Conselho de Segurança da ONU aprovar nova rodada de sanções ao país.
O Irã alega que precisa do material enriquecido a 20% para o seu reator médico de Teerã, que produz elementos para o tratamento de câncer.
A central esteve no centro do acordo nuclear proposto pela AIEA no ano passado e ressuscitado, há pouco mais de um mês, após mediação de Brasil e Turquia, antes de ser rejeitado por EUA e aliados, que lideraram esforços por novas sanções na ONU.
Pelo texto, o Irã enviaria a metade do seu estoque de cerca de 2.400 kg de urânio pouco enriquecido -próprio para a produção de energia- à Turquia e, um ano depois, receberia 120 kg do urânio a 20% para utilizar em Teerã.
Os EUA e aliados alegaram justamente a manutenção do programa de enriquecimento iraniano, a despeito do envio do urânio à Turquia em eventual entendimento, para rejeitar o acordo sobre a mesa.
Há uma semana, Salehi anunciara também planos de construção de até quatro novos reatores médicos, sendo que um ainda maior que o de Teerã -datado dos anos 70.
O Ocidente suspeita que o programa nuclear do Irã almeje a bomba atômica, o que o regime iraniano nega, alegando ter apenas fins civis.

AMORIM EM TEERÃ
O Irã informou ontem que, após conversa com seu colega iraniano, Manouchehr Mottaki, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, aceitou ir "em breve" a Teerã com o chanceler turco para discutir "novos passos" do acordo.
No último fim de semana, Amorim dissera que o Brasil está interrompendo sua tentativa de mediação do impasse e só agiria caso chamado.
Em Sófia (Bulgária), Amorim disse ontem que o Irã tem se mostrado flexível em relação às negociações mesmo após as sanções e que cabe ao país esclarecer as dúvidas remanescentes no Ocidente.


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