São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

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AMÉRICA LATINA

González Macchi diz que não concorda com tratamento dado a Oviedo, mas que respeita soberania brasileira

Presidente paraguaio critica ação brasileira

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O presidente do Paraguai, Luiz González Macchi, manifestou sua insatisfação com o governo brasileiro em razão da forma como está sendo tratado o ex-general Lino Oviedo, exilado no país. ""Não estamos muito satisfeitos, não. Mas o país (o Brasil) é soberano", afirmou Macchi, em entrevista coletiva à imprensa paraguaia.
A declaração presidencial confirma o desagrado que meios diplomáticos paraguaios já vinham manifestando em relação à situação de Oviedo no Brasil. De acordo com o Paraguai, a atuação brasileira está sendo branda.
O ex-general, acusado no Paraguai de liderar tentativa de golpe militar e de ser mandante do assassinato do vice-presidente Luis María Argaña, em 1999, é suspeito de ter liderado à distância, do Brasil, as manifestações contra o governo ocorridas recentemente em todo o Paraguai, com a morte de duas pessoas, ferimentos em 50 e prisão de 290.
""Acredito que eles seguem analisando o desempenho desse senhor", completou o presidente paraguaio, referindo-se ao fato de Oviedo ter sido chamado pela Justiça brasileira para esclarecer sua participação nos protestos e ser monitorado pela Polícia Federal. Para permanecer no Brasil, Oviedo não pode se envolver em política. Macchi disse que se reunirá hoje com o ministro das Relações Exteriores paraguaio, José Antônio Rufinelli, e solicitará explicações sobre o caso. O presidente vai ""pedir informações mais exatas" ao seu ministro.
A consulta a Rufinelli se dará porque o chanceler esteve ontem no Rio, onde participou de reunião preparatória para encontro com a União Européia. De acordo com Macchi, por estar no Brasil, Rufinelli pode ter mais informações.
O governo paraguaio diz não ter informações sobre a possibilidade de Oviedo deixar o Brasil. Mesmo assim, mantinha ontem a polícia e o Exército em alerta.

Asilo
O ex-presidente da Bolívia Gonzálo Sánchez de Lozada (1993-1997), favorito para vencer o segundo turno indireto (no Congresso) da eleição presidencial, pelo Congresso, no dia 4 de agosto, negou ter qualquer vínculo com Oviedo. Ele disse ainda que não pretende conceder asilo político ao ex-general caso vença as eleições. Segundo reportagem da Folha, Oviedo se diz amigo de Sánchez de Lozada e considera a hipótese de pedir asilo na Bolívia se ele vencer a eleição.


Com agências internacionais

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