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AMIA
Ele é acusado de encobrir atentado
Menem se diz vítima de difamação do governo
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O ex-presidente argentino Carlos Menem (1989-1999) acusou o
governo argentino de armar um
campanha para prejudicá-lo na
próxima eleição presidencial e de
estar por trás da reportagem publicada anteontem pelo jornal
"The New York Times" que o envolve no caso do atentado contra
o centro da comunidade judaica
em Buenos Aires, em 1994.
Segundo a reportagem, baseada
no depoimento de um ex-agente
do serviço de inteligência iraniano, Menem teria recebido US$ 10
milhões para encobrir a suposta
responsabilidade do Irã no atentado, que deixou 85 mortos.
Para Menem, a reportagem é
"mentirosa", teria sido baseada
em dados fornecidos pelo governo e faria parte de uma campanha
oficial para beneficiar o outro
principal pré-candidato do Partido Justicialista (peronista) na eleição de março, o governador José
Manuel de la Sota (Córdoba).
Até agora, o presidente Eduardo Duhalde não manifestou
apoio a De la Sota. Porém a inimizade de Duhalde com Menem levou o ex-presidente a dar como
certo que o "candidato oficial do
governo será De la Sota".
Duhalde preferiu não aumentar
a polêmica. O chefe de gabinete,
Alfredo Atanasof, apenas negou a
acusação e disse que "o governo
não emite opiniões a respeito de
afirmações de quem hoje está em
campanha" e que o caso continuará "nas mãos da Justiça".
O juiz federal Juan José Galeano
pretende interrogar novamente o
ex-agente da inteligência iraniana, identificado como Abdolghassem Mesbahi, que está sob
proteção da Justiça alemã.
Os jornais argentinos deram
menos importância para as denúncias do ex-agente -conhecidas desde 2001 no país- do que
ao fato de o "NYT" ter resgatado a
história em um momento em que
Menem aparece como um dos favoritos na próxima eleição.
O "La Nación" e o "Página/12"
destacaram o fato de que Menem
admitiu pela primeira vez possuir
uma conta bancária na Suíça.
Menem, no entanto, negou que
tenha aberto a conta para depositar os US$ 10 milhões do suposto
suborno, mas para guardar US$
200 mil que ele teria recebido como indenização por ter sido preso
durante o último regime militar
(1976-1983). Com os juros, ele teria hoje US$ 600 mil na conta.
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