São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

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AMIA

Ele é acusado de encobrir atentado

Menem se diz vítima de difamação do governo

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O ex-presidente argentino Carlos Menem (1989-1999) acusou o governo argentino de armar um campanha para prejudicá-lo na próxima eleição presidencial e de estar por trás da reportagem publicada anteontem pelo jornal "The New York Times" que o envolve no caso do atentado contra o centro da comunidade judaica em Buenos Aires, em 1994.
Segundo a reportagem, baseada no depoimento de um ex-agente do serviço de inteligência iraniano, Menem teria recebido US$ 10 milhões para encobrir a suposta responsabilidade do Irã no atentado, que deixou 85 mortos.
Para Menem, a reportagem é "mentirosa", teria sido baseada em dados fornecidos pelo governo e faria parte de uma campanha oficial para beneficiar o outro principal pré-candidato do Partido Justicialista (peronista) na eleição de março, o governador José Manuel de la Sota (Córdoba).
Até agora, o presidente Eduardo Duhalde não manifestou apoio a De la Sota. Porém a inimizade de Duhalde com Menem levou o ex-presidente a dar como certo que o "candidato oficial do governo será De la Sota".
Duhalde preferiu não aumentar a polêmica. O chefe de gabinete, Alfredo Atanasof, apenas negou a acusação e disse que "o governo não emite opiniões a respeito de afirmações de quem hoje está em campanha" e que o caso continuará "nas mãos da Justiça".
O juiz federal Juan José Galeano pretende interrogar novamente o ex-agente da inteligência iraniana, identificado como Abdolghassem Mesbahi, que está sob proteção da Justiça alemã.
Os jornais argentinos deram menos importância para as denúncias do ex-agente -conhecidas desde 2001 no país- do que ao fato de o "NYT" ter resgatado a história em um momento em que Menem aparece como um dos favoritos na próxima eleição.
O "La Nación" e o "Página/12" destacaram o fato de que Menem admitiu pela primeira vez possuir uma conta bancária na Suíça.
Menem, no entanto, negou que tenha aberto a conta para depositar os US$ 10 milhões do suposto suborno, mas para guardar US$ 200 mil que ele teria recebido como indenização por ter sido preso durante o último regime militar (1976-1983). Com os juros, ele teria hoje US$ 600 mil na conta.



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