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NOTAS DO FRONT
por Marcelo Ninio e Michel Gawendo
DE VOLTA AO FUTURO
Nos prédios de Beirute as
guerras se confundem. Muitas construções com vestígios de balas e foguetes da
guerra civil (1975-1990)
continuam em ruínas, como
um monumento ao sofrimento dos libaneses no
conflito. Nos distritos xiitas,
principais alvos de Israel na
capital, há sinais de novos e
velhos bombardeios quase
lado a lado.
TORNEIRA FECHADA
O conflito não interrompeu apenas o que vinha sendo considerado pelo setor
turístico o melhor verão
desde o fim da guerra civil.
O "boom" da construção civil em Beirute também sofreu uma pausa forçada e os
investidores estrangeiros já
repensam seus projetos. E a
agência Fitch rebaixou a
classificação do país.
526 DIAS
Líder da reconstrução da
capital, a "Paris do Oriente
Médio", o ex-premiê Rafik
Hariri, assassinado no ano
passado, ainda é presença
marcante na cidade. Além
dos muitos cartazes em
quase todos os setores de
Beirute, um grande placar
no local do atentado, no
centro, marca os dias desde
sua morte. Ontem, 526.
FUNDO KATYUSHA
O governo de Israel mantém um serviço de avaliação
de danos materiais causados por foguetes Katyusha
que atingem o país. O levantamento, que é feito por técnicos, aponta que, somente
na cidade de Naharia, localizada a dez quilômetros da
fronteira com o Líbano, até
agora já são 500 as casas
avariadas.
NOVO CÁRCERE
A imprensa israelense divulgou que o Exército está
montando uma cadeia provisória para guerrilheiros
do Hizbollah que sejam capturados em combate. O
Exército divulgou ontem
que dois haviam sido presos. Mas Israel tem pelo menos 13 corpos de terroristas,
que têm valor como moeda
de troca em negociações no
Oriente Médio.
TRATAMENTO
Uma libanesa ferida por
tropas israelenses em uma
aldeia do sul do Líbano foi
levada pelos soldados para a
cidade de Tzfat, no norte de
Israel. Ela está em estado
grave, acompanhada por parentes. Eles não querem divulgar o nome dela porque
temem retaliação contra
outros familiares que ficaram no Líbano.
ESTRESSE
Um advogado que conduzia seu carro ontem pelas
ruas da cidade israelense de
Haifa teve que parar o veículo e procurar abrigo em
razão da sirene de alerta que
soa pela cidade antes da
queda de foguetes Katyusha. "P*** que o pariu! De novo!" -disse o israelense,
usando a expressão correspondente em hebraico e resumindo o sentimento dos
moradores da cidade.
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