São Paulo, sábado, 24 de julho de 2010

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Lula diz "estranhar" a atitude de Uribe

Segundo o presidente, "estava tudo andando bem até denúncia"; já os EUA chamam Caracas de petulante

Washington defende proposta colombiana de enviar comissão da OEA para checar presença de guerrilha na Venezuela


SIMONE IGLESIAS
ENVIADA ESPECIAL A CAETÉS (PE)
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem ter estranhado o fato de seu colega colombiano, Álvaro Uribe, ter apresentado denúncia contra a Venezuela à OEA faltando pouco tempo para deixar a Presidência do país. Em resposta, Caracas rompeu anteontem os laços diplomáticos com Bogotá.
"Estava andando tudo bem até que Uribe resolve fazer a denúncia na OEA contra a Venezuela. As Farc são um problema da Colômbia. Os problemas da Venezuela são da Venezuela. Se a gente aprender isso, tudo fica em paz", disse Lula em Caetés.
"O que estranhei é que faltam poucos dias para o companheiro Uribe deixar a Presidência. O presidente que vai tomar posse tem dado sinais de que tem disposição a um alinhamento com a Venezuela."
Lula confirmou que irá conversar pessoalmente com Chávez em 6 de agosto. No dia seguinte, estará na posse do novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.
Ele ainda disse que as discussões entre os dois países não irão contaminar as eleições no Brasil. Uma das críticas que mais repercutiram na campanha foi feita pelo vice do candidato tucano José Serra, Indio da Costa, que afirmou que o PT mantém conexões com as Farc e com o narcotráfico.
Por sua vez, os EUA classificaram de "petulância" a decisão de Caracas de romper laços diplomáticos com a Colômbia e apoiaram a proposta de Bogotá de enviar uma comissão à Venezuela para verificar a existência de acampamentos de guerrilhas colombianas no país.
"Foi uma resposta petulante da Venezuela", disse o porta-voz do Departamento de Estado, P.J. Crowley.

DISCORDÂNCIA
Membros do governo americano também reafirmaram o papel da OEA na resolução da crise, após o Brasil fazer pressão para transferir o tema à Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
Em nota, o departamento reiterou que "as alegações da Colômbia devem ser levadas muito a sério". "Endossamos as propostas colombianas e estamos prontos para ajudar a OEA em ações para colaborar com o diálogo entre a Colômbia e a Venezuela."
O objetivo de Brasília ao retirar o assunto da OEA é evitar que a participação dos EUA, alinhados a Bogotá, desequilibre as negociações.
Fontes diplomáticas americanas afirmaram à Folha que a OEA mantém papel importante, na medida em que "a Convenção Interamericana contra o Terrorismo é o instrumento mais universal no hemisfério Ocidental para lidar com o tema".


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