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Lula diz "estranhar" a atitude de Uribe
Segundo o presidente, "estava tudo andando bem até denúncia"; já os EUA chamam Caracas de petulante
Washington defende proposta colombiana de enviar comissão da OEA para checar presença de guerrilha na Venezuela
SIMONE IGLESIAS
ENVIADA ESPECIAL A CAETÉS (PE)
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva afirmou ontem
ter estranhado o fato de seu
colega colombiano, Álvaro
Uribe, ter apresentado denúncia contra a Venezuela à
OEA faltando pouco tempo
para deixar a Presidência do
país. Em resposta, Caracas
rompeu anteontem os laços
diplomáticos com Bogotá.
"Estava andando tudo
bem até que Uribe resolve fazer a denúncia na OEA contra
a Venezuela. As Farc são um
problema da Colômbia. Os
problemas da Venezuela são
da Venezuela. Se a gente
aprender isso, tudo fica em
paz", disse Lula em Caetés.
"O que estranhei é que faltam poucos dias para o companheiro Uribe deixar a Presidência. O presidente que
vai tomar posse tem dado sinais de que tem disposição a
um alinhamento com a Venezuela."
Lula confirmou que irá
conversar pessoalmente com
Chávez em 6 de agosto. No
dia seguinte, estará na posse
do novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.
Ele ainda disse que as discussões entre os dois países
não irão contaminar as eleições no Brasil. Uma das críticas que mais repercutiram na
campanha foi feita pelo vice
do candidato tucano José
Serra, Indio da Costa, que
afirmou que o PT mantém conexões com as Farc e com o
narcotráfico.
Por sua vez, os EUA classificaram de "petulância" a decisão de Caracas de romper
laços diplomáticos com a Colômbia e apoiaram a proposta de Bogotá de enviar uma
comissão à Venezuela para
verificar a existência de
acampamentos de guerrilhas
colombianas no país.
"Foi uma resposta petulante da Venezuela", disse o
porta-voz do Departamento
de Estado, P.J. Crowley.
DISCORDÂNCIA
Membros do governo americano também reafirmaram
o papel da OEA na resolução
da crise, após o Brasil fazer
pressão para transferir o tema à Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
Em nota, o departamento
reiterou que "as alegações da
Colômbia devem ser levadas
muito a sério". "Endossamos
as propostas colombianas e
estamos prontos para ajudar
a OEA em ações para colaborar com o diálogo entre a Colômbia e a Venezuela."
O objetivo de Brasília ao
retirar o assunto da OEA é
evitar que a participação dos
EUA, alinhados a Bogotá, desequilibre as negociações.
Fontes diplomáticas americanas afirmaram à Folha
que a OEA mantém papel importante, na medida em que
"a Convenção Interamericana contra o Terrorismo é o
instrumento mais universal
no hemisfério Ocidental para
lidar com o tema".
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