São Paulo, domingo, 24 de julho de 2011

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ANÁLISE A ORIGEM

Esqueçam-se os escândalos: o que fica, agora, é a música

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

É hora de esquecer os dois ou três últimos anos. Apagar as imagens patéticas de Amy Winehouse cambaleando, esquecendo letras e abandonando palcos no Brasil, em Dubai ou na Sérvia. O que fica é a música.
Amy resgatou para este século a tradição das divas do soul dos anos 1950 e 1960, sejam negras ou brancas, americanas ou britânicas. Por ser inglesa e branca, a associação mais direta é com Dusty Springfield, mas ela também bebeu na fonte de americanas como Rosemary Clooney e Peggy Lee. Cantava sucessos de todas elas.
Ser atrevida, casca-grossa e tatuada atraiu atenções. Ao deixar isso de lado e ouvir suas canções, fica a certeza de que ali está uma intérprete única, um vozeirão.
Principalmente se forem canções de "Back to Black" (2006), seu fantástico segundo e último álbum. Arrebatou todos os prêmios musicais relevantes no planeta, incluindo cinco Grammy, o "Oscar do disco".
"Frank" (2003), o disco anterior, mostrava uma estreante saudável, mas insegura.
"Back to Black" foi além. Produzido pelo badalado Mark Ronson, que vinha de estouros com Christina Aguilera e Robbie Williams, trouxe um punhado de hits lascivos e envolventes.
As letras falavam de vida desajustada e relacionamentos problemáticos, como em "You Know I'm No Good" e "Rehab". Tudo o que Amy já vivia e que a imprensa começava a garimpar.
Já faz tempo que a parcela de crédito de Ronson no sucesso de Amy precisa ser reduzida. Ele conseguiu uma produção encorpada em "Back to Black", é verdade, mas não chegou a reorientar o trabalho dela.
No álbum de estreia, os ingredientes do caldeirão neo-soul de Amy já estavam presentes, até mesmo a contundência das letras. Ela não foi, nem de longe, um produto de outras pessoas.
Amy cantou a música que ouvia desde menina, dos músicos negros americanos e das cantoras brancas britânicas de soul. Fez isso de forma intensa e desbocada, sem concessões.


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