São Paulo, domingo, 24 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Extremista norueguês assume massacre

Antes do ataque, suspeito teria escrito manifesto atacando o multiculturalismo de seu país e a imigração muçulmana

Número de mortos ataques chega a 92; segundo advogado, suspeito disse que "atrocidades" eram "necessárias"

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O norueguês Anders Behring Breivik, 32, -supostamente ligado a grupos ultradireitistas e fundamentalistas crstãos- a assumiu ontem a autoria dos dois ataques que deixaram ao menos 92 mortos na Noruega anteontem, segundo seu advogado Geir Lippestad.
"Ele disse acreditar que as ações foram atrocidades mas, em sua cabeça, elas eram necessárias", disse Lippestad ao canal televisivo local TV2.
Lippestad ganhou fama na Noruega após defender neonazistas em diversos casos.
A agência de notícias norueguesa NTB afirmou que o suspeito escreveu um manifesto de 1.500 páginas atacando o multiculturalismo e a imigração de muçulmanos para o país. O documento continha suas fotos e ensinava como fazer explosivos.
Breivik foi preso anteontem logo após os ataques e ouvido ontem pela polícia.
Segundo o advogado, ele admitiu participação no atentado à bomba contra a sede do governo em Oslo, que deixou sete mortos, e o massacre no acampamento da juventude do Partido Trabalhista (governista) na ilha de Utoeya -onde 85 jovens foram mortos com tiros de fuzil.
Lippestad disse que seu cliente explicou brevemente à polícia os motivos que o levaram a cometer os crimes, mas afirmou que não faria comentários sobre isso.
Breivik estaria disposto a explicar suas motivações em audiência na Justiça amanhã e até colaborar com a investigação, fornecendo evidências -como o seu telefone celular. Ele teria dito que planejava os ataques desde 2009.
O suspeito está sujeito a acusações de terrorismo, cuja pena máxima na legislação norueguesa é de 21 anos de detenção.

BOMBA
Autoridades envolvidas na investigação disseram que a explosão do edifício do governo norueguês foi muito semelhante ao atentado contra um prédio do governo americano em 1995, em Oklahoma City -que matou 168 pessoas.
Em ambos os casos, foram usadas bombas de fabricação caseira feitas à base de uma mistura de fertilizante com combustível. Uma funcionária de uma cooperativa agrícola disse à rede de TV CNN que Breivik teria comprado seis toneladas de fertilizantes de sua companhia, em maio.
Oddmy Estenstad, de Felleskjopet Agr, afirmou que não estranhou a encomenda porque o cliente era dono de uma fazenda, mas após as explosões em Oslo, ela telefonou à polícia, porque sabia que o material podia ser usado para fabricar bombas.

RESPOSTA
Após ser alertada do massacre, a polícia levou uma hora e meia para chegar à ilha de Utoeya.
A demora, que deu tempo para o atirador fazer mais vítimas, ocorreu porque não havia helicóptero disponível. Uma unidade de operações especiais teve que ir de carro ao local, a 40km de Oslo, e ainda levou 20 minutos para conseguir um barco e chegar até a ilha.
Tida como um país pacífico, a Noruega é exportadora de petróleo, importante mediadora de conflitos e é dona de uma das mais altas qualidades de vida do mundo. A tolerância é uma das marcas da sociedade.
Embora as evidências apontem para motivações internas para os ataques, as autoridades do país ainda não descartam uma eventual participação de estrangeiros.
"Espero que possamos manter a Noruega como é, aberta e democrática", disse o premiê Jens Stoltenberg.
Ele classificou os ataques de anteontem como "a maior tragédia nacional desde a Segunda Guerra Mundial".
As autoridades também não descartam a possibilidade de encontrar mais corpos.


Texto Anterior: Clóvis Rossi: Suspeito usual, talvez inocente
Próximo Texto: Atirador chamou suas vítimas e depois abriu fogo
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.