São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

53% aprovam ataque, contra 74% em novembro; popularidade de Bush, que já foi de 90%, recua para 65%

Cai apoio nos EUA a ação militar no Iraque

DA REDAÇÃO

A maioria dos americanos é favorável ao envio de soldados americanos ao golfo Pérsico para tirar o ditador iraquiano, Saddam Hussein, do poder, mas o apoio a uma operação do gênero caiu em relação ao nível nas semanas seguintes a 11 de setembro, segundo uma pesquisa divulgada ontem.
Segundo a mesma pesquisa, realizada pelo instituto Gallup para o jornal "USA Today" e para o canal de TV CNN, a popularidade do presidente dos EUA, George W. Bush, chegou a seu nível mais baixo desde os atentados em Nova York e no Pentágono.
De acordo com a sondagem, 53% dos americanos são favoráveis ao envio de soldados ao Iraque, comparados a 74% em novembro de 2001 e 61% em junho deste ano. Quarenta e um por cento são contrários.
O nível é similar ao de fevereiro de 2001, quando 52% eram favoráveis e 42% contrários.
A queda ocorre ao mesmo tempo em que se inflama o debate sobre os planos do governo de "mudar o regime" no Iraque, que os EUA acusam de esconder armas químicas, biológicas e nucleares.
Um número cada vez maior de políticos e analistas tem se manifestado a respeito do assunto nos últimos dias. A questão tem ocupado as primeiras páginas dos maiores jornais americanos.
Apenas 20% dos ouvidos na pesquisa afirmaram que apoiariam o envio de soldados mesmo sem o apoio dos aliados dos EUA.
Os aliados europeus e árabes de Washington são quase todos contrários a uma ofensiva militar no Iraque. Até mesmo o Reino Unido, o país europeu mais próximo dos EUA, declarou anteontem que seu objetivo em relação ao Iraque era apenas fazer com que o país permitisse o retorno de inspetores de armas da ONU.
Cerca de 4 em cada 10 americanos apóiam o envio de soldados mesmo que isso signifique que eles teriam de ficar em combate por pelo menos um ano.
A grande maioria dos entrevistados, 83%, disse acreditar que o Iraque tenha armas de destruição em massa ou esteja tentando desenvolvê-las, e 86% disseram crer que Saddam apóie terroristas.

Queda de popularidade
A aprovação ao desempenho de Bush tem caído gradualmente depois de um recorde (90%) em setembro de 2001 e chegou a seu nível mais baixo desde então: 65%.
Sua popularidade, contudo, ainda é maior do que qualquer nível atingido do início de seu mandato, em janeiro do ano passado, até 11 de setembro. O nível mais alto a que a aprovação a Bush chegara antes dos atentados em Nova York e no Pentágono foi de 63%, entre 5 e 7 de março de 2001.
Cerca de 500 manifestantes protestaram contra a política externa e ambiental de Bush anteontem à noite perto do hotel onde ele participava de um evento de levantamento de fundos para a campanha de reeleição do senador Gordon Smith em Portland (Oregon).
Parte dos manifestantes protestava contra a possibilidade de os EUA enviarem tropas americanas ao Iraque, segurando cartazes que diziam "drop Bush, not bombs" (derrubem Bush, não bombas).
Outros protestavam contra uma iniciativa anunciada mais cedo por Bush que torna mais fácil para companhias madeireiras derrubar árvores de florestas com tendência a incêndios.
A polícia reprimiu os manifestantes com spray de pimenta e cassetetes. Dois foram presos.
Segundo a agência de notícias Associated Press, o número de manifestantes, contudo, era bem menor do que o de moradores de Gordon Smith que foram até suas portas ver a comitiva de Bush passar a caminho do hotel segurando cartazes dizendo "Nós amamos você" e "Nós apoiamos você".
O Gallup ouviu 801 adultos entre 19 e 21 de agosto. A margem de erro é de quatro pontos percentuais para baixo ou para cima.


Com agências internacionais


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