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CRISE
Queda no setor de petróleo é de 16,7%; oposição e governo preparam manifestações, e analistas prevêem setembro tumultuado
PIB venezuelano cai 9,9% e aumenta a pressão sobre Chávez
DA REDAÇÃO
A economia venezuelana encolheu 9,9% no segundo trimestre
do ano em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o
Banco Central do país. A principal
razão foi a acentuada queda nos
ingressos provenientes da venda
de petróleo e derivados, principal
produto do país.
A divulgação do índice é mais
um fator a pressionar o presidente Hugo Chávez, cuja política econômica é criticada pelas principais centrais empresariais e sindicais. Chávez, que conseguiu retomar o posto em abril após dois
dias afastado por um golpe de Estado cívico-militar, enfrenta frequentes manifestações pela sua
renúncia e tem sua popularidade
no nível mais baixo desde que assumiu o cargo, em 1998. Segundo
uma pesquisa do instituto Datanálisis, 66% dos venezuelanos
querem sua saída do cargo.
As vendas de petróleo e derivados representam 80% dos ingressos da Venezuela com exportações. O país é o quarto maior produtor mundial de petróleo.
Segundo os dados do Banco
Central, o setor da economia relacionado ao petróleo caiu 16,7% no
segundo trimestre do ano, enquanto o restante da economia
encolheu 6,5%.
"Na área de petróleo, a produção de óleo cru foi afetada pelo
acordo para a redução da produção com a Opep [Organização dos
Países Exportadores de Petróleo"", diz um comunicado do BC.
"A produção de produtos refinados foi influenciada pela queda na
demanda externa."
A produção de petróleo foi também afetada por um protesto de
seis semanas dos funcionários da
PDVSA (a estatal do petróleo),
que culminou com o golpe contra
Chávez, no dia 11 de abril.
A equipe econômica venezuelana havia previsto recentemente
uma contração da economia de
3% a 3,5%. No primeiro trimestre,
a queda havia sido de 4%.
Para Oscar Garcia Mendoza,
presidente do Banco Venezuelano de Crédito, a economia local
foi prejudicada por "uma desvalorização monstro, perda de investimentos e inflação". "O aspecto político é fundamental para esses resultados", disse ele.
A inflação anual da Venezuela
está em 22%, e economistas prevêem que o índice deva chegar a
30% até o final do ano. O bolívar,
a moeda local, já perdeu 46% de
seu valor em relação ao dólar desde o início do ano.
A instabilidade política, acentuada desde o golpe de abril, vem
reduzindo a confiança externa no
país. As frequentes manifestações
de chavistas e oposicionistas, que
indicam uma forte divisão na sociedade, afugentam os investidores, que temem novos distúrbios.
Após sua eleição, em 1998, Chávez promoveu um programa de
reformas "esquerdistas" -que
incluíam a concessão de créditos a
juros baixos para pobres-, que
ele diz terem sido necessárias para
eliminar a corrupção e a desigualdade no país.
Mas seus adversários afirmam
que sua política econômica levou
a Venezuela à recessão e o acusam
de tentar impor ao país um regime comunista no estilo cubano.
Chávez, um coronel do Exército
que liderou uma tentativa de golpe em 1992 contra o presidente
Carlos Andrés Pérez e foi eleito
democraticamente seis anos depois, critica seguidamente em
seus discursos "os males do neoliberalismo e da globalização".
Impunidade
Chávez deve encabeçar hoje
uma manifestação "contra a impunidade", em protesto contra a
negativa do Supremo Tribunal de
Justiça, na semana passada, de indiciar quatro militares acusados
pelo golpe de abril.
A marcha de Chávez se antecipa
a uma série de manifestações da
oposição a partir do dia 29.
Para os analistas, as mobilizações são um presságio de um mês
de setembro tumultuado politicamente, também por conta do fim
do recesso do Judiciário, o que deve incentivar a oposição a retomar pedidos de processo contra o
presidente.
Grupos opositores e governistas
também preparam para o mês
que vem uma série de pedidos de
referendo para tentar afastar
mandatários adversários.
Com agências internacionais
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