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AMÉRICA DO SUL
"É mais barato que guerra", diz Pat Robertson; para Washington, declaração é "detestável", e Caracas vê "terror"
Televangelista pede que EUA matem Chávez
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
O pastor evangélico conservador Pat Robertson aumentou ontem a tensão entre Washington e
Caracas ao fazer um apelo na TV
americana para que os EUA levem a cabo o assassinato do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
As declarações tiveram imediata
repercussão, com negativas e repúdios dos departamentos de Estado e da Defesa.
"Não precisamos de outra guerra de US$ 200 bilhões para nos livrarmos de um ditador de mão
forte. É muito mais fácil que alguns agentes disfarçados cuidem
desse trabalho e se livrem disso",
disse o televangelista Robertson
em seu programa "The 700 Club".
A audiência do programa, segundo os organizadores, chega a 1 milhão de pessoas.
Robertson defendeu o assassinato de Chávez momentos depois
de exibir um "documentário" sobre o suposto envolvimento chavista com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e sobre planos venezuelanos
para disseminar o comunismo na
América Latina com o apoio do
ditador cubano, Fidel Castro.
O "documentário" informa que
Chávez por diversas vezes acusou
Washington de planejar seu assassinato. Ao que Robertson
acrescentou: "Não sei sobre essa
doutrina de assassinato, mas, se
ele pensa que estamos querendo
assassiná-lo, acho que deveríamos realmente ir em frente e fazê-lo. É muito mais barato do que
lançar uma guerra, e não acredito
que algum carregamento de petróleo vá parar" -a Venezuela é o
quinto maior produtor de petróleo do mundo, e os EUA são seu
maior cliente.
Em Cuba, Chávez disse desconhecer Robertson e suas declarações. Em Caracas, o vice-presidente José Vicente Rangel disse
que "é uma hipocrisia enorme
manter uma linha antiterrorista e
ao mesmo tempo ter declarações
terroristas como as feitas por esse
pastor evangélico Pat Robertson
no mesmo país".
Já o chanceler Alí Rodríguez defendeu que o pastor seja punido
segundo a legislação americana.
Indagado, o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld,
negou haver planos para matar
Chávez. "Certamente é contra a
lei. Nosso departamento não faz
esse tipo de coisa."
No Departamento de Estado, o
porta-voz Richard Boucher classificou a atitude de Robertson de
"detestável" e ressaltou que a opinião do pastor não reflete a posição de Washington.
Chávez ofereceu ontem atendimento médico, formação profissional e gasolina mais barata à
"população pobre dos EUA",
após encontro com Fidel, em Cuba. "Estamos muito preocupados
com os níveis de pobreza que vêm
aumentando nos EUA."
Com agências internacionais
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