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TERROR EM LONDRES
Para enviados, polícia não omite informações sobre o caso Jean Charles; prazo do inquérito vai até dezembro
Missão brasileira descarta má-fé britânica
GABRIELA BOEING
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LONDRES
Os representantes enviados pelo
governo brasileiro ao Reino Unido para acompanhar as investigações sobre a morte do eletricista
Jean Charles de Menezes afirmaram ontem que não há motivos
para acreditar que a polícia britânica teria tentado esconder informações ou atrasar a investigação
sobre o caso. Eles negaram também que a viagem a Londres tenha sido motivada pelo vazamento de informações do relatório de
investigação da Comissão Independente de Queixas sobre a Polícia (IPCC).
"Ficamos perplexos com as informações divulgadas, mas não
temos motivos para prejulgar o
trabalho da polícia e não viemos
para tentar interferir no trabalho
da IPCC, mas apenas para entender o que está sendo feito", afirmou Manoel Gomes Pereira, embaixador para comunidades brasileiras no exterior.
A IPCC afirmou que o relatório
de investigação sobre a morte de
Menezes será concluído em dezembro, mas só será divulgado
após a Procuradoria britânica decidir se haverá processo criminal
ou disciplinar. Até lá, a comissão
afirmou em nota que não fornecerá detalhes da investigação.
O prazo foi tido como apropriado por Harriet Wistrich, um dos
advogados da família de Menezes.
A missão formada por Manoel
Pereira, por Márcio Pereira Pinto
Garcia, do Ministério da Justiça, e
pelo subprocurador-geral da República Wagner Gonçalves esteve
reunida anteontem com diretores
da polícia britânica.
"John Yates [vice-comissário-assistente] disse que, uma hora
após Jean ter sido morto na estação de Stockwell, a polícia enviou
uma carta à IPCC. É o procedimento normal. Ele disse que a
IPCC só assumiu a investigação
72 horas depois por causa das suspeitas da polícia", afirmou Garcia.
O comissário da polícia, Ian
Blair, participou de parte da reunião com os brasileiros, mas fez
"apenas alguns comentários".
A reunião também tratou da
compensação de 15 mil libras
(cerca de R$ 75 mil) oferecida pela
polícia à família de Menezes. "Ficou claro que o dinheiro não foi
oferecido com intenção de interferir em um futuro processo e indenização", afirmou Garcia.
Gonçalves disse que um dos
principais objetivos da missão
brasileira é entender como a IPCC
trabalha. Segundo ele, a visita vinha sendo negociada desde o dia
25 de julho, quando o chanceler
Celso Amorim esteve com seu colega britânico, Jack Straw.
"Houve um atraso na agenda e
foi coincidência termos chegado
agora", afirmou o subprocurador-geral. "Acreditamos que eles
estejam realizando um trabalho
independente da polícia. E, se for
independente mesmo, o trabalho
trará resultados", acrescentou.
Os enviados brasileiros ficam
em Londres até sexta-feira. Até lá,
ainda pretendem se encontrar
com os advogados da família do
eletricista morto.
Hoje à tarde, o grupo se reunirá
com o diretor da IPCC, Nick
Hardwick. "Vamos pedir acesso
ao vídeo", disse Gonçalves, referindo-se às imagens gravadas pelas câmeras de segurança da estação de Stockwell no dia da morte
de Menezes.
Segundo reportagens publicadas por jornais britânicos anteontem, as fitas do circuito interno teriam sido deliberadamente apagadas. Ontem, funcionários do
metrô negaram a um jornal londrino a versão da polícia de que as
câmeras não estavam funcionando no dia 22 de julho e, por isso,
não havia imagens do incidente.
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