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Fraudes podem comprometer pleito afegão
Avaliação é de chefe de comissão independente encarregada de analisar denúncias, para quem 35 queixas são "substanciais"
Desde a votação, na quinta, ocorreram 225 reclamações; metade partiu de Abdullah Abdullah, principal rival do atual presidente-candidato
Shah Marai/France Presse
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Afegãos organizam urnas na sede da Comissão Eleitoral Independente,
em Cabul; candidatos e observadores apontam fraudes no pleito
DA REDAÇÃO
A comissão independente
responsável por receber denúncias de fraude nas eleições
presidenciais do Afeganistão
afirmou ontem que, se confirmadas, as queixas recebidas até
agora são sérias o suficiente para influenciar o resultado da
votação.
Desde o pleito, realizado na
última quinta-feira, a comissão
recebeu 225 reclamações de
observadores e candidatos, que
apontaram principalmente a
manipulação de urnas.
Queixas sobre intimidação
de eleitores e suspeitas sobre a
qualidade da tinta que marcava
o dedo de quem já havia votado,
servindo como mecanismo de
controle oficial, também são
abundantes, segundo o órgão.
Dessas, ao menos 35 reclamações são consideradas
"substanciais para os resultados", de acordo com o chefe da
comissão apoiada pela ONU, o
canadense Grant Kippen.
Anteontem, órgãos observadores como a Fundação Eleições Livres e Justas do Afeganistão, o IND (Instituto Nacional Democrático, EUA) e a Comissão Europeia já haviam divulgado problemas como a falsificação em massa de registros
eleitorais e casos de violência.
Quase metade das denúncias
de fraude partiram do candidato Abdullah Abdullah, principal
opositor ao presidente-candidato Hamid Karzai, apontado
como favorito e com chances
de se reeleger ainda no primeiro turno, segundo as pesquisas.
Abdullah argumenta que algumas urnas na região sul do
país, com menor presença do
Estado e maior atuação dos insurgentes do Taleban, tiveram
índice de comparecimento de
apenas 10%, mas os relatórios
apresentados dizem que 40%
dos eleitores votaram.
Segundo Abdullah, o comandante das forças de segurança
no distrito de Spin Boldak, general Abdul Raziq, usou a própria casa para colher votos de
uma sessão eleitoral e encheu
urnas com cédulas pró-Karzai
nesta e em outras sessões.
"Quem diz que houve fraude
está apenas fazendo propaganda. Se há provas, mostrem-me
por favor", defendeu-se Raziq.
Um relativo sucesso das eleições é considerado essencial
por Washington e pela Otan,
que mantêm tropas no país, para justificar a guerra iniciada
em 2001.
A taxa de comparecimento
-primeiro ponto para legitimar o pleito- caiu de 70% em
2004 para entre 40% e 50%
agora, segundo estimam observadores, refletindo as ameaças
do Taleban, que prometeu boicotar a eleição com atentados.
O segundo ponto é justamente a transparência do processo,
que parece estar cada vez mais
ameaçada. Os resultados, que
devem ter parciais divulgadas
em 15 dias, serão oficializados
apenas no dia 17 de setembro.
Deterioração
Em meio à queda nos índices
de apoio popular à guerra no
Afeganistão, o chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, almirante Mike Mullen, disse à
rede de TV CNN, que as condições no Afeganistão estão se
"deteriorando".
"Ao longo dos últimos dois
anos, a insurgência do Taleban
tem melhorado e se tornado
mais sofisticada em suas táticas", disse Mullen, justo quando o comandante das forças no
país prepara avaliação da situação e pode pedir mais tropas.
Com agências internacionais
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