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OPINIÃO
Reunião é chance para países injetarem criatividade no TNP
MARCOS AZAMBUJA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Avançar o entendimento
com nosso principal vizinho,
no qual surgiu a Abacc, é elemento-chave no sistema que
construímos bilateralmente
e que se estendeu à AIEA.
Foi isso que, finalmente,
nos permitiu aderir ao TNP.
O sistema de contabilidade e controle que soubemos
construir tem sido satisfatório não só para os dois sócios
como tem criado confiança
nas nossas relações com demais países como um todo.
A Abacc tem sido vista como exemplar e como um possível modelo a ser aplicado a
outras regiões do mundo onde uma rivalidade seja obstáculo a condições que permitam prosseguir e consolidar a
interdição de aquisição e emprego de armas nucleares.
Brasil e Argentina devem
enfrentar, agora, novo desafio: o de como se posicionar
frente à demanda para que
assinemos o Protocolo Adicional. A pressão é considerável: os países são os únicos
membros do Grupo de Fornecedores Nucleares que ainda
não o subscreveram.
A próxima reunião, em
Buenos Aires, dará a chance
para que os sócios vejam se é
possível exercitar a diplomacia criativa que lhes permita
dar à comunidade internacional garantias suplementares sem que isso se faça só pela adesão do Protocolo Adicional, modelo que carrega
constrangimentos e a necessidade de aceitar controles
ainda mais invasivos de atividades que se quer proteger.
O Brasil é sócio pleno e de
boa fé do sistema de não proliferação e é também um dos
poucos países engajados em
um projeto, já muito avançado, de domínio do ciclo total
do combustível nuclear.
O Brasil não perde de vista
que o TNP é um conjunto de
obrigações que vai além da
não proliferação. É também
um instrumento que consagra o direito ao desenvolvimento da energia nuclear para fins pacíficos enquanto faz
potências armadas avançarem para o desarmamento.
O TNP está construído sobre esses três pilares, e a posição brasileira é que a preocupação com a proliferação
não leve ao abandono dos
dois outros objetivos.
O diplomata MARCOS AZAMBUJA foi
embaixador em Paris e em Buenos Aires
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