São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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DIPLOMACIA

Novas manifestações favoráveis à entrada de Brasil, Alemanha, Japão e Índia como permanentes incluem a de Londres

Cresce apoio à reforma do Conselho da ONU

LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK

As manifestações de apoio às candidaturas de Brasil, Índia, Alemanha e Japão a assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU se multiplicaram ontem durante os debates da Assembléia Geral da ONU, com declarações explícitas dos chanceleres da França, Michel Barnier, e do Reino Unido, Jack Straw. É a primeira vez que os britânicos falam claramente sobre o tema, citando nomes, ante a Assembléia.
Mas também houve manifestações contundentes em contrário. "Alguns Estados-membros [da ONU] têm defendido a inclusão de novos assentos permanentes -para eles mesmos", disse o chanceler italiano, Franco Fratini. "Nós não acreditamos que as dificuldades do Conselho possam ser resolvidas por meio de nomeações permanentes e irrevogáveis", afirmou, aludindo ao grupo.
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, rebateu a opinião de seu colega italiano. "É preciso que os países vejam que essa reforma não é uma questão de prestígio desse ou daquele país, é uma necessidade do próprio sistema multilateral. É importante que os países saibam colocar o interesse do multilateralismo acima dos interesses nacionais", afirmou.
Sobre a questão levantada por Fratini a respeito do processo de inclusão de novos membros ser ou não democrática, Amorim disse que a configuração proposta pelo Brasil -que também defende a inclusão de um africano- é "muito mais democrática" do que a atual, que prevê cinco assentos permanentes com poder de veto (EUA, Reino Unido, Rússia, França e China) e dez rotativos, um das quais o país ocupa hoje.
"Quando você não pode democratizar totalmente, é importante contrabalançar várias opiniões e várias visões do mundo", disse.
O ministro das Relações Exteriores alemão, Joschka Fischer, e o premiê indiano, Manmohan Singh, ecoaram a opinião. "A inclusão de países como a Índia seria o primeiro passo no processo de tornar a ONU um organismo verdadeiramente representativo", disse Singh.
Hoje, os chanceleres do grupo, criado na semana passada para oficializar o mútuo apoio entre os países, se reúnem para avaliar os novos apoios e "trocar idéias". "Acho que o movimento pela reforma tomou corpo extraordinariamente. O grupo é a ponta do iceberg de uma conclusão que se formou na comunidade internacional", disse Amorim.
Tanto Barnier como Straw referiram-se nominalmente aos quatros países. Para o chanceler britânico, o Brasil deve ser membro permanente porque "quase se tornou membro permanente na época em que o a ONU foi fundada", há 59 anos. Já o Japão e a Alemanha contribuem com 28% do orçamento da ONU, e a Índia responde por um sexto da população mundial.
Mais cedo, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, dissera apoiar as reformas no Conselho -incluindo a ampliação das vagas permanentes. Mas, em entrevista à imprensa estrangeira em Nova York, ele se recusou a defender candidaturas específicas.


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