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DIPLOMACIA
Novas manifestações favoráveis à entrada de Brasil, Alemanha, Japão e Índia como permanentes incluem a de Londres
Cresce apoio à reforma do Conselho da ONU
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
As manifestações de apoio às
candidaturas de Brasil, Índia, Alemanha e Japão a assentos permanentes no Conselho de Segurança
da ONU se multiplicaram ontem
durante os debates da Assembléia
Geral da ONU, com declarações
explícitas dos chanceleres da
França, Michel Barnier, e do Reino Unido, Jack Straw. É a primeira vez que os britânicos falam claramente sobre o tema, citando
nomes, ante a Assembléia.
Mas também houve manifestações contundentes em contrário.
"Alguns Estados-membros [da
ONU] têm defendido a inclusão
de novos assentos permanentes
-para eles mesmos", disse o
chanceler italiano, Franco Fratini.
"Nós não acreditamos que as dificuldades do Conselho possam ser
resolvidas por meio de nomeações permanentes e irrevogáveis",
afirmou, aludindo ao grupo.
O chanceler brasileiro, Celso
Amorim, rebateu a opinião de seu
colega italiano. "É preciso que os
países vejam que essa reforma
não é uma questão de prestígio
desse ou daquele país, é uma necessidade do próprio sistema
multilateral. É importante que os
países saibam colocar o interesse
do multilateralismo acima dos interesses nacionais", afirmou.
Sobre a questão levantada por
Fratini a respeito do processo de
inclusão de novos membros ser
ou não democrática, Amorim disse que a configuração proposta
pelo Brasil -que também defende a inclusão de um africano- é
"muito mais democrática" do que
a atual, que prevê cinco assentos
permanentes com poder de veto
(EUA, Reino Unido, Rússia, França e China) e dez rotativos, um
das quais o país ocupa hoje.
"Quando você não pode democratizar totalmente, é importante
contrabalançar várias opiniões e
várias visões do mundo", disse.
O ministro das Relações Exteriores alemão, Joschka Fischer, e o
premiê indiano, Manmohan
Singh, ecoaram a opinião. "A inclusão de países como a Índia seria o primeiro passo no processo
de tornar a ONU um organismo
verdadeiramente representativo",
disse Singh.
Hoje, os chanceleres do grupo,
criado na semana passada para
oficializar o mútuo apoio entre os
países, se reúnem para avaliar os
novos apoios e "trocar idéias".
"Acho que o movimento pela reforma tomou corpo extraordinariamente. O grupo é a ponta do
iceberg de uma conclusão que se
formou na comunidade internacional", disse Amorim.
Tanto Barnier como Straw referiram-se nominalmente aos quatros países. Para o chanceler britânico, o Brasil deve ser membro
permanente porque "quase se
tornou membro permanente na
época em que o a ONU foi fundada", há 59 anos. Já o Japão e a Alemanha contribuem com 28% do
orçamento da ONU, e a Índia responde por um sexto da população
mundial.
Mais cedo, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, dissera
apoiar as reformas no Conselho
-incluindo a ampliação das vagas permanentes. Mas, em entrevista à imprensa estrangeira em
Nova York, ele se recusou a defender candidaturas específicas.
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