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Lula cobra reforma em instituições para evitar novas crises
Em discurso de abertura da 64ª Assembleia Geral da ONU, presidente diz que ricos pouco fizeram em 12 meses de crise
Brasileiro se compromete com engajamento na luta contra o aquecimento global e defende o fim do embargo do governo dos EUA a Cuba
DE NOVA YORK
Em discurso de abertura da
64ª Assembleia Geral da ONU e
na véspera da reunião do G20, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva cobrou uma atuação mais
firme dos países ricos na implementação de reformas que visam evitar a repetição da crise
econômica mundial.
Passados 12 meses do agravamento da crise, o brasileiro avalia que os países ricos pouco fizeram em termos de reforma
do sistema financeiro e em mudanças em organismos multilaterais como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial.
Na visão de Lula, após alguns
meses, a crise gerou uma espécie de "conformismo" nas economias dos países desenvolvidos, o que fez com que as mudanças de fundo, essenciais para evitar um novo ciclo de crise,
fossem deixadas de lado.
Para o presidente, a economia mundial não comporta
mais um sistema de representação definido com base nos
parâmetros que se seguiram à
Segunda Guerra Mundial.
"Os países pobres e em desenvolvimento têm de aumentar sua participação na direção
do FMI e do Banco Mundial.
Sem isso, não haverá efetiva
mudança e os riscos de novas e
maiores crises serão inevitáveis. Somente organismos mais
representativos e democráticos
terão condições de enfrentar
problemas complexos como os
do reordenamento do sistema
monetário internacional."
Lula destacou que é necessário construir uma nova ordem
internacional para lidar com os
três principais problemas de
hoje: crise financeira, governança mundial e mudança do
clima.
O presidente destacou que
tem defendido em reuniões do
G20 a regulação financeira, a
generalização de políticas anticíclicas, o fim do protecionismo
e o combate a paraísos fiscais.
Lula afirmou no discurso que
o fato de o Brasil ser um dos primeiros a sair da crise depois de
ter sido um dos últimos a perceber os seus efeitos não foi resultado de mágica e sim de políticas como programas de transferência de renda, aumento do
salário acima da inflação e estímulos fiscais.
"Não tenho a ilusão de que
podemos resolver nossos problemas sozinhos, apenas no espaço nacional. A economia
mundial é interdependente.
Estamos todos obrigados a
atuar além das nossas fronteiras", disse.
Para o presidente, mais do
que uma crise bancária, a crise
financeira representa o fim de
uma série de dogmas, como o
do Estado mínimo e da autorregulação. Segundo Lula, esta é
"a hora da política", em que governantes, e não tecnocratas,
devem assumir a responsabilidade de enfrentar a desordem
mundial.
Clima e Cuba
No discurso, Lula voltou a se
comprometer com uma atuação mais incisiva do Brasil no
tema de mudanças climáticas.
"O Brasil está cumprindo a
sua parte. Vamos chegar a Copenhague com alternativas e
compromissos precisos. Aprovamos um plano de mudanças
climáticas que prevê redução
de 80% do desmatamento da
Amazônia até 2020. Diminuiremos em 4,8 bilhões de toneladas a emissão de CO2, o que representa mais do que a soma
dos compromissos de todos os
países desenvolvidos juntos."
Como esperado, o presidente
defendeu o fim do embargo
americano a Cuba, que chamou
de anacronismo. Ele cobrou
"vontade política" para pôr fim
ao problema.
(JANAINA LAGE)
Leia a íntegra do discurso
www.folha.com.br/092662
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