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Execução de mulher deficiente divide EUA
Teresa Lewis, 41, recebeu ontem injeção letal após ter sido condenada por planejar morte do marido e do filho
Caso de americana tem repercussão após a comparação feita com a condenação de Sakineh por apedrejamento
ANDRÉ LOBATO
DE SÃO PAULO
Acusada de ordenar que
dois homens matassem seu
marido e seu filho adotivo em
2002, a americana Teresa Lewis, 41, teve negados todos
os recursos da defesa e foi
executada na noite de ontem
com uma injeção letal no Estado americano de Virgínia.
Ela tornou-se a primeira
mulher em cem anos a morrer por ordem de um juiz do
Estado e a primeira a ser executada nos EUA desde 2005.
A defesa alegava que Lewis era deficiente mental.
Seu quociente de inteligência era 72. O máximo para escapar da execução é 70.
O caso de Lewis ganhou
destaque nas agências internacionais de notícias após
ser citado pelo presidente do
Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
Ele comparou o caso de Lewis ao da iraniana Sakineh
Ashtiani, 43, condenada por
adultério e sentenciada à
morte por apedrejamento.
A sentença gerou uma onda mundial de protesto e está
atualmente suspensa pela
Justiça iraniana.
A fala de Ahmadinejad,
que criticou o "silêncio midiático" em torno do caso Lewis e o uso de Sakineh como
uma campanha contra o Irã,
surtiu efeito.
Desde o último dia 21, a
busca global pelo nome da
americana duplicou no Google, e as agências de notícias
começaram a cobrir o tema.
O advogado de Lewis, Jim
Rocap 3º, usa seu caso para
protestar contra a pena de
morte nos EUA. "Teresa é a
personificação de por que o
processo de pena de morte é
defeituoso", disse ao site
Law.com, especializado em
legislação.
Rocap faz parte de uma associação que recruta advogados para os sentenciados à
morte nos Estados Unidos.
A Folha ligou para o escritório de Rocap para que ele
comentasse o impacto da fala do presidente iraniano.
Sua secretária disse que encaminharia o e-mail da reportagem, não respondido
até o fim desta edição.
Em sua defesa, Rocap escreveu que a inteligência de
Lewis -"beirando o retardamento mental e a desordem
de sua personalidade dependente"- deveria não deixar
dúvidas de que ela não tem
uma "mente depravada".
Os dois homens que cometeram o crime foram condenados à prisão perpétua. Um
deles era amante de Lewis. O
outro escreveu uma carta dizendo que convencera Lewis
a planejar o assassinato.
Os advogados de acusação
alegaram que, por Lewis ser
a mandante do crime e ter o
objetivo de ficar com o dinheiro da família, a responsabilidade dela era maior do
que a dos homens.
A uma rede de televisão
americana, Lewis disse que
tinha esperança de que sua
sentença fosse alterada.
"Mas se tenho de ir para
junto de Jesus, sei que será
melhor", afirmou ela, que esperava que seus filhos e a neta acompanhassem sua execução.
Ao Law.com, Rocap comparou Lewis a um famoso assassino nos EUA.
"Se Ted Bundy é o pior dos
piores, então ela está do lado
oposto nesse espectro. Ela é
simples, uma pessoa direta
com uma fé muito profunda.
É difícil de acreditar que será
atropelada por essa máquina
da morte."
CORREDOR DA MORTE
Atualmente, 53 mulheres
estão condenadas à morte
nos Estados Unidos. Antes de
Lewis, a última a ter sido executada no Estado de Virgínia
foi uma negra de 17 anos.
Virginia Christian foi eletrocutada em 1912 pelo assassinato da mulher para quem
trabalhava.
O último recurso para que
a execução de Lewis fosse
suspensa foi negado na terça-feira pela Suprema Corte
de Justiça dos EUA.
O governador da Virgínia,
Robert McDonnell, já havia
negado clemência na última
sexta-feira.
Com a Efe
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