São Paulo, sábado, 24 de setembro de 2011

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Ditador volta ao Iêmen e conflito cresce

Em discurso, Ali Saleh anuncia haver retornado ao país; ao menos cem morreram em protestos durante a semana

Líder estava na Arábia Saudita, em tratamento há quatro meses, desde que ficou gravemente ferido em um atentado


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ditador do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, retornou inesperadamente ontem ao país.
Ele estava na Arábia Saudita há quase quatro meses, em tratamento médico, depois de sofrer graves queimaduras em um atentado ao complexo presidencial.
A volta do ditador agrava os conflitos iniciados em fevereiro entre forças leais a ele e oposicionistas que exigem o fim de seu regime. Ele está no poder há 33 anos.
No primeiro pronunciamento após sua volta, divulgado pela agência estatal de notícias, Saleh pediu cessar-fogo e disse que negociações são o único caminho para o fim da crise.
Mas os combates continuaram ontem na capital, Sanaa. A oposição estima que mais de cem pessoas morreram nesta semana, durante protestos pró-democracia.
O discurso do ditador dá a entender que ele não pretende se afastar do poder, apesar da pressão política. Oposicionistas acreditam que, com o retorno, Saleh planeja impulsionar a resistência.
Analistas afirmam ainda que o retorno foi pautado pelo aniversário da revolução de 1962, em que parte do Iêmen se tornou uma república. A data será celebrada no início da próxima semana.
O regresso pode enfraquecer ainda mais as tentativas de Arábia Saudita e EUA de intermediar uma negociação pacífica para a transição do poder no Iêmen. Preocupa a possibilidade de uma guerra civil.

CRÍTICAS
A volta de Saleh foi recebida com críticas pelos EUA, que repetiram os pedidos para que o ditador deixe o poder imediatamente e convoque eleições para este ano.
O pedido vinha sendo feito reiteradamente antes do atentado contra o ditador ocorrido no início de junho.
Ainda que Saleh tenha afirmado em diversas situações ter planos de voltar ao Iêmen, funcionários do governo dos EUA disseram que o momento do retorno pegou os americanos de surpresa.
Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, encontrou-se com o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita nesta semana, em Nova York. Funcionários do governo afirmam que ela não tinha sido informada do retorno iminente do ditador.
Saleh não era prisioneiro na Arábia Saudita. Não está claro se o governo saudita sabia de seus planos de retorno.


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