São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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Secretário diz que era amante de Haider

Líder da extrema direita austríaca morreu no dia 11; Petzner disse que sentia por ele "atração magnética"

DA REDAÇÃO

Jörg Haider, líder da extrema direita austríaca que morreu no último dia 11 em acidente de automóvel, era homossexual e amante de Stefan Petzner, seu ex-secretário particular que o sucedeu por alguns dias como presidente do partido Aliança para o Futuro da Áustria.
A revelação foi feita pelo próprio Petzner em emocionada entrevista, anteontem de manhã, à ORF, emissora pública de rádio austríaca. O partido criado por Haider tentou inutilmente impedir que a entrevista voltasse a ser veiculada.
"Nós tínhamos uma relação que ia bem além da amizade", disse Petzner na ORF. "Jörg e eu estávamos conectados por algo realmente muito especial. Ele foi o homem da minha vida." Ou ainda: "Eu sentia por ele uma atração magnética".
Para evitar novos prejuízos à imagem do dirigente morto, o partido cancelou outras entrevistas agendadas por Petzner e o destituiu da liderança partidária, à qual havia sido promovido para cumprir um desejo póstumo do próprio Haider.
Governador há uma década da Caríntia, Estado ao sul do território austríaco, Haider liderou entre 2000 e 2002 um governo federal de coalizão que provocou sentimento de desconforto e incômodo na União Européia, na qual a cláusula democrática impede que países-membros sejam governados por neofascistas ou afins.
Seu partido se opunha à UE e transformou os imigrantes em bodes expiatórios dos problemas domésticos. O próprio Haider amplificava controvérsias ao elogiar a política de emprego de Adolf Hitler -austríaco de nascimento, que anexou o país à Alemanha- ou ao qualificar os veteranos da SS, milícia nazista, de "pessoas decentes".
O partido de Haider saiu fortalecido das legislativas do último dia 1º, ao saltar de 7 para 21 cadeiras de deputado e se tornar a quarta maior bancada no Parlamento.

Não saiu do armário
Em sua edição online, a revista americana "Foreign Affairs" diz que o homossexualismo de Haider era há muito objeto de rumores, jamais noticiados pela mídia austríaca até a bombástica entrevista de Petzner.
O assunto vinha vazando desde o início da semana, com a publicação de fotografias do lançamento de uma revista num bar gay de Klagenfurt, capital da Caríntia, onde Haider e Petzner foram vistos juntos pela última vez, na noite de 10 de outubro. Os dois amantes teriam discutido e Haider, embora sem condições para dirigir, dispensou o motorista e rumou de madrugada para a cidadezinha em que morava sua mãe.
Segundo a polícia, a limusine Volkswagen corria bem acima da velocidade permitida, e Haider apresentava no sangue uma dosagem alcoólica quatro vezes maior que a tolerada por lei.
Petzner, que conhecera Haider havia cinco anos, quando era repórter sobre cosméticos num jornal do interior, contou em prantos à ORF que, após o acidente, correu para o hospital onde o amigo chegara morto.
Depois disso, afirmou, foi à casa de Haider, onde permaneceu em companhia da viúva, Cláudia -ela era casada com o dirigente havia 31 anos-, e das duas filhas do casal.
Ele disse que Cláudia não tinha objeções ao seu relacionamento com o marido. Mas a irmã de Petzner, Christiane, afirmou que nem tudo era tranqüilo, já que Cláudia se enfurecia porque Haider passava mais tempo com o amante do que com ela e as filhas.

Com agências internacionais



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