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Secretário diz que era amante de Haider
Líder da extrema direita austríaca morreu no dia 11; Petzner disse que sentia por ele "atração magnética"
DA REDAÇÃO
Jörg Haider, líder da extrema
direita austríaca que morreu no
último dia 11 em acidente de
automóvel, era homossexual e
amante de Stefan Petzner, seu
ex-secretário particular que o
sucedeu por alguns dias como
presidente do partido Aliança
para o Futuro da Áustria.
A revelação foi feita pelo próprio Petzner em emocionada
entrevista, anteontem de manhã, à ORF, emissora pública
de rádio austríaca. O partido
criado por Haider tentou inutilmente impedir que a entrevista voltasse a ser veiculada.
"Nós tínhamos uma relação
que ia bem além da amizade",
disse Petzner na ORF. "Jörg e
eu estávamos conectados por
algo realmente muito especial.
Ele foi o homem da minha vida." Ou ainda: "Eu sentia por
ele uma atração magnética".
Para evitar novos prejuízos à
imagem do dirigente morto, o
partido cancelou outras entrevistas agendadas por Petzner e
o destituiu da liderança partidária, à qual havia sido promovido para cumprir um desejo
póstumo do próprio Haider.
Governador há uma década
da Caríntia, Estado ao sul do
território austríaco, Haider liderou entre 2000 e 2002 um
governo federal de coalizão que
provocou sentimento de desconforto e incômodo na União
Européia, na qual a cláusula democrática impede que países-membros sejam governados
por neofascistas ou afins.
Seu partido se opunha à UE e
transformou os imigrantes em
bodes expiatórios dos problemas domésticos. O próprio
Haider amplificava controvérsias ao elogiar a política de emprego de Adolf Hitler -austríaco de nascimento, que anexou o
país à Alemanha- ou ao qualificar os veteranos da SS, milícia
nazista, de "pessoas decentes".
O partido de Haider saiu fortalecido das legislativas do último dia 1º, ao saltar de 7 para 21
cadeiras de deputado e se tornar a quarta maior bancada no
Parlamento.
Não saiu do armário
Em sua edição online, a revista americana "Foreign Affairs"
diz que o homossexualismo de
Haider era há muito objeto de
rumores, jamais noticiados pela mídia austríaca até a bombástica entrevista de Petzner.
O assunto vinha vazando
desde o início da semana, com a
publicação de fotografias do
lançamento de uma revista
num bar gay de Klagenfurt, capital da Caríntia, onde Haider e
Petzner foram vistos juntos pela última vez, na noite de 10 de
outubro. Os dois amantes teriam discutido e Haider, embora sem condições para dirigir,
dispensou o motorista e rumou
de madrugada para a cidadezinha em que morava sua mãe.
Segundo a polícia, a limusine
Volkswagen corria bem acima
da velocidade permitida, e Haider apresentava no sangue uma
dosagem alcoólica quatro vezes
maior que a tolerada por lei.
Petzner, que conhecera Haider havia cinco anos, quando
era repórter sobre cosméticos
num jornal do interior, contou
em prantos à ORF que, após o
acidente, correu para o hospital
onde o amigo chegara morto.
Depois disso, afirmou, foi à
casa de Haider, onde permaneceu em companhia da viúva,
Cláudia -ela era casada com o
dirigente havia 31 anos-, e das
duas filhas do casal.
Ele disse que Cláudia não tinha objeções ao seu relacionamento com o marido. Mas a irmã de Petzner, Christiane, afirmou que nem tudo era tranqüilo, já que Cláudia se enfurecia
porque Haider passava mais
tempo com o amante do que
com ela e as filhas.
Com agências internacionais
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