|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Iraquianos almejam reaquecer parceria comercial com Brasil
Em 2009, exportações brasileiras ao Iraque somam US$ 162 mi até setembro, 65% mais que em 2008
SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A BAGDÁ
A reaproximação ainda é tímida, mas Brasil e Iraque aos
poucos ensaiam retomar a intensa parceria dos anos 80.
Um dos sinais mais visíveis
do interesse mútuo está na
construção de um pavilhão especialmente voltado para o
Brasil na próxima Feira Internacional de Bagdá, de 1º a 10 de
novembro.
De olho no imenso mercado
da reconstrução iraquiana, a
Câmara de Comércio Brasil-Iraque, criada há seis anos para
estimular a revitalização dos laços bilaterais, e a Apex (Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Desenvolvimento)
esperam representantes de ao
menos 20 empresas no evento.
É dada como certa a participação de grupos como Sadia e
Marcopolo na feira anual, uma
das mais tradicionais do Oriente Médio até ser interrompida
com a adoção do embargo econômico da ONU (Organização
das Nações Unidas) contra o regime de Saddam Hussein, em
1991. O Brasil não participou da
primeira reedição, em 2008.
"Há enormes perspectivas. O
Iraque é um país destruído pela
guerra e que precisa de tudo. O
Brasil é uma potência econômica que produz de tudo", disse
à Folha Jalal Chaya, presidente da câmara Brasil-Iraque.
Em 2009, exportações brasileiras para o Iraque, catapultadas por alimentos, atingiram
US$ 162 milhões até setembro
(65% mais que em 2008).
O governo iraquiano sonda
empresas brasileiras para
construir casas populares. As
forças de segurança iraquianas
negociam com a Condor a
aquisição de milhares de coletes à prova de bala e armas leves. Aviões Embraer para monitoramento de fronteiras
também estão na pauta.
Bagdá convidou a Petrobras
para as licitações para petrolíferas estrangeiras, mas fontes
iraquianas dizem que o interesse da empresa por reservas
no Oriente Médio arrefeceu
após a descoberta do pré-sal.
Existem ainda conversas para a aquisição pelo Iraque de
milhares de carros Voyage fabricados no Brasil que seriam
revendidos com facilidade de
pagamento (créditos de longo
prazo) para os funcionários públicos iraquianos. Críticos dizem que se trata de uma manobra eleitoreira do premiê Nuri
al Maliki para tentar garantir o
voto dos servidores nas eleições legislativas de janeiro.
Em fevereiro, cerca de 20 oficiais da polícia iraquiana viajarão a Brasília para receber treinamento da Polícia Federal.
Mas os dois países ainda estão longe da relação privilegiada que mantiveram na primeira década do regime de Saddam
Hussein. Na época, o Brasil
abasteceu o Iraque com 190 mil
Passats, além de armas e veículos blindados, que foram usados na guerra contra o Irã.
O Brasil vendeu urânio para
as centrais nucleares de Saddam, enquanto o Iraque foi o
grande supridor de petróleo
para a indústria brasileira depois dos dois choques internacionais nos preços do barril.
A construtora mineira Mendes Júnior ergueu grandes
obras no Iraque -embora Saddam não tenha honrado boa
parte dos pagamentos.
Empresários dos dois países
defendem uma maior ênfase
nas relações políticas para acelerar a retomada dos contatos
comerciais.
As equipes de governo se conhecem pouco. O único contato de alto escalão aconteceu em
2005, quando o presidente Jalal Talabani participou, em sua
primeira viagem oficial no cargo, da Cúpula América do Sul-Países Árabes, em Brasília.
Os iraquianos pedem que o
Itamaraty acelere a reativação
da Embaixada do Brasil no Iraque, parada desde 1990. O Itamaraty trata dos assuntos iraquianos na Jordânia e não
cumpriu a promessa de reabrir
a representação em Bagdá neste ano.
Já a Embaixada do Iraque
em Brasília não tem embaixador desde a queda de Saddam,
em 2003.
Texto Anterior: Resposta iraniana sobre acordo nuclear é adiada Próximo Texto: Sem acordo: Autoridade Palestina marca eleições, e Hamas condena Índice
|