São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

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"Obama não insistiu tanto quanto poderia. Cedeu demais"

LUCIANA COELHO
EM CAMBRIDGE

Estávamos todos chorando quando ele foi eleito.
Lembro que fui a um dos eventos daquela noite, abracei estranhos e chorei com eles por horas. Todas as possibilidades existiam.
Agora, vimos o limite do sistema democrático nos EUA. Barack Obama tinha um mandato enorme.
Um número histórico de democratas foi eleito em 2008. Passados dois anos, as coisas que os elegemos para fazer não foram feitas.
Obama não insistiu tanto quanto poderia. Não falou o bastante sobre os problemas. Cedeu demais.
Se tentasse e não conseguisse, seria mais motivador para seus eleitores, teríamos incentivo para ir às ruas. As pessoas reagem a posições firmes. O Tea Party gera entusiasmo assim.
Obama e os democratas foram eleitos nas costas do trabalhismo, e não vimos nenhuma proposta de lei trabalhista ainda. Provavelmente perdemos a chance e o capital político por dez anos.
Muitos estudantes podem até ter votado em Obama maravilhados com a ideia de mudança, mas muitos eleitores queriam algum benefício real vindo de seu voto. Isso é racional, não idealista. Aí você não vê nada. Para que votar de novo?
Mesmo que ele tenha melhorado o governo nos EUA em quase todos os aspectos, nenhuma dessas melhoras tem força para incentivar as pessoas.
Os problemas são muito maiores, e precisamos ver ainda iniciativas que mudem de fato a vida das pessoas, como um programa de empregos federal.
Não é sempre que temos um ano como o da eleição do Obama.
E aí, quando vamos falar das proteções trabalhistas? Ou de melhores leis ambientais? Ou de uma reforma mais profunda na saúde?
Depois dessa eleição legislativa é que não vai ser.


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