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"Obama não insistiu tanto quanto poderia. Cedeu demais"
LUCIANA COELHO
EM CAMBRIDGE
Estávamos todos chorando quando ele foi eleito.
Lembro que fui a um dos
eventos daquela noite, abracei estranhos e chorei com
eles por horas. Todas as possibilidades existiam.
Agora, vimos o limite do
sistema democrático nos
EUA. Barack Obama tinha
um mandato enorme.
Um número histórico de
democratas foi eleito em
2008. Passados dois anos, as
coisas que os elegemos para
fazer não foram feitas.
Obama não insistiu tanto
quanto poderia. Não falou o
bastante sobre os problemas.
Cedeu demais.
Se tentasse e não conseguisse, seria mais motivador
para seus eleitores, teríamos
incentivo para ir às ruas. As
pessoas reagem a posições
firmes. O Tea Party gera entusiasmo assim.
Obama e os democratas foram eleitos nas costas do trabalhismo, e não vimos nenhuma proposta de lei trabalhista ainda. Provavelmente
perdemos a chance e o capital político por dez anos.
Muitos estudantes podem
até ter votado em Obama maravilhados com a ideia de
mudança, mas muitos eleitores queriam algum benefício
real vindo de seu voto. Isso é
racional, não idealista. Aí você não vê nada. Para que votar de novo?
Mesmo que ele tenha melhorado o governo nos EUA
em quase todos os aspectos,
nenhuma dessas melhoras
tem força para incentivar as
pessoas.
Os problemas são muito
maiores, e precisamos ver
ainda iniciativas que mudem
de fato a vida das pessoas,
como um programa de empregos federal.
Não é sempre que temos
um ano como o da eleição do
Obama.
E aí, quando vamos falar
das proteções trabalhistas?
Ou de melhores leis ambientais? Ou de uma reforma
mais profunda na saúde?
Depois dessa eleição legislativa é que não vai ser.
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