São Paulo, sábado, 24 de novembro de 2007

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Turistas são salvos após navio colidir na Antártida

Barco operado por empresa canadense chocou-se com bloco de gelo e afundou

Embarcação que partiu de Ushuaia levava 154 pessoas, que foram resgatadas antes do afundamento; cruzeiro custou em média US$ 12 mil

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

Os passageiros de um cruzeiro precisaram ser resgatados após o navio no qual viajavam se chocar com um bloco de gelo na Antártida no início da madrugada de ontem. O MS Explorer transportava 154 pessoas -91 turistas, 9 guias turísticos e 54 tripulantes, entre os quais não havia brasileiros- e acabou afundando mais tarde. Ninguém ficou ferido.
O acidente ocorreu à 0h50 (1h50 de Brasília), cerca de 120 km ao norte da península Antártica, perto das ilhas Shetland do Sul e 850 km ao sudeste de Ushuaia (Argentina), de onde zarpou no último dia 11. "Estávamos passando pelo gelo, como sempre. Mas desta vez batemos em algo e tivemos um vazamento", disse Peter Svensson, imediato do MS Explorer.
Cerca de 90 minutos após o acidente, o comandante decidiu esvaziar o navio. Passageiros e tripulantes ocuparam 14 botes salva-vidas e esperaram o resgate, que chegou às 6h50, por meio de outro navio de cruzeiro, o norueguês Nordnorge.
"A água começou a entrar por um buraco do tamanho de um punho, mas as bombas mantiveram o navio seco por um bom tempo, o que permitiu uma remoção tranqüila", disse Susan Hayes, da canadense GAP Adventures, organizadora do tour.
No fim da tarde de ontem, apesar dos esforços do Exército chileno para evitá-lo, o Explorer afundou, deixando uma mancha de petróleo no local - havia oito toneladas de combustível no barco.

Falhas
Segundo o capitão do Nordnorge, apesar da longa exposição à baixa temperatura, nenhum resgatado sofreu hipotermia. A embarcação levou os tripulantes para a base antártica chilena Eduardo Frei, de onde elas seguirão hoje de avião para Punta Arenas, no Chile.
O MS Explorer foi construído em 1969 e recondicionado para viagens por águas polares em 1993. Foi adquirido pela GAP em 2004 e, desde então, faz cruzeiros na Antártida.
Segundo a publicação marítima "Lloyds List", o Explorer tinha apresentado cinco falhas de segurança na última inspeção, incluindo as comportas principais, que foram qualificadas como inadequadas. A GAP, porém, negou problemas.
O cruzeiro de ontem tinha duração prevista de 19 dias. Após deixar Ushuaia, esteve nas Ilhas Falkland (Malvinas) e seguiria pelo estreito de Drake à costa antártica. A maioria dos turistas era de europeus, americanos e canadenses. Ao preço médio de US$ 12 mil, a GAP tinha novos cruzeiros previstos com o mesmo navio para 17 de dezembro e 22 de janeiro.
O negócio de cruzeiros na Antártida vem crescendo muito nos últimos anos. Na última temporada, segundo a Associação Internacional de Operadores de Turismo da Antártida, 55 embarcações fizeram mais de 200 viagens pela região, transportando 37,5 mil turistas, 29% a mais do que no ano anterior.
Embora os navios que fazem esse trajeto sejam preparados, o risco de acidente é grande devido aos icebergs e "growlers" (grandes pedras de gelo quase inteiramente submersas), sobretudo no verão. Por conta do aquecimento global, a península Antártica é a região do continente que mais desprende gelo.


Com agências internacionais


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