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Eleição hondurenha mantém OEA dividida
Brasil lidera bloco majoritário, que condena a priori a realização do pleito e prega o não reconhecimento do resultado
Os EUA encabeçam o grupo minoritário, que quer julgar legitimidade após votação; Peru, Panamá e Colômbia fecharam com Washington
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A OEA (Organização dos Estados Americanos) segue dividida em relação à eleição presidencial hondurenha, no domingo, com o Brasil liderando o
bloco da maioria, que condena
a priori a realização, pelo fato
de Manuel Zelaya, o líder deposto, não ter sido ainda restituído ao poder, e com os Estados Unidos à frente do bloco da
minoria, que prefere julgar a legitimidade do pleito somente
após o fato consumado.
O segundo grupo, no entanto,
saiu fortalecido da reunião extraordinária e fechada entre os
33 países-membros ativos da
OEA, realizada ontem cedo em
Washington. Com a adesão do
Peru, agora são pelo menos cinco os países que fecham com os
EUA, entre eles Colômbia e Panamá. Apesar de minoria, o bloco tem o país com mais poder
econômico e de influência tanto sobre Honduras como sobre
a entidade.
Ontem, o recém-empossado
secretário-assistente obamista
para a região, Arturo Valenzuela, fez discurso na sede da OEA
em que reforçou a posição do
bloco. "Quero sublinhar que essa não é uma eleição inventada
pelo governo de facto [golpista]", disse ele. "Pelo contrário, é
coerente com a renovação do
Congresso e do mandato presidencial exigidos pela Constituição, o que permite que o povo
hondurenho exerça seu desejo
soberano."
Segundo cópia do discurso
obtida pela Folha, Valenzuela
fala em inglês, francês e espanhol e termina o texto com a
expressão "muitíssimo obrigado", em português.
Assim, cai por terra uma das
sugestões dadas por Brasília a
Washington, de que o pleito seja adiado por duas semanas,
para que dê tempo de o Congresso hondurenho cumprir a
quinta cláusula do Acordo Tegucigalpa-San José, que prevê
que o Legislativo decida se Zelaya é restituído ou não. A sessão deve acontecer só após as
eleições, no dia 2 de dezembro.
Agora, a OEA se reúne no dia
4, dois dias depois da decisão
hondurenha e quatro dias após
o pleito, para definir se aceita a
legitimidade das eleições e se,
com isso, cancela a suspensão
de Honduras da entidade. Se
depender do Brasil, o resultado
eleitoral não será validado.
"Nós continuamos com a
mesma posição e dela não vamos nos afastar", disse à Folha
Ruy Casaes, representante do
Brasil junto à entidade. "Trocando em miúdos, não reconheceremos o resultado sem a
restituição de Zelaya." Para o
diplomata, o cerceamento à
imprensa, a renúncia maciça
de candidatos e outros fatores
apontam para a impossibilidade de um processo eleitoral
justo e limpo. Já os EUA creem
que, se observadores internacionais disserem que o pleito
ocorreu sem problemas, estará
aberta a porta para o reconhecimento -e para o fim da crise.
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