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Ataque nas Filipinas deixa 21 mortos em meio a disputa de clãs
Vítimas, incluindo dez jornalistas, viajavam em comboio de político do sul quando foram raptadas
DA REDAÇÃO
Ao menos 21 pessoas, entre
jornalistas, advogados e parentes de um político local, foram
mortas ontem nas Filipinas, no
aparente desfecho de uma disputa eleitoral entre dois clãs
políticos no sul do país.
As vítimas viajavam em um
comboio de vans quando foram
sequestradas e, horas depois,
encontradas mortas pelo Exército filipino. Não há notícias do
paradeiro do restante do comboio, de cerca de 40 pessoas.
Entre os mortos estava Genalyn, mulher de Ismael Mangudadatu, líder de um clã político local e candidato ao governo
da Província de Maguindanao
(sul) nas eleições de maio de
2010. Genalyn e seu grupo estavam a caminho de uma cidade
próxima para oficializar a candidatura de Mangudadatu (ausente do comboio) quando foram alvo do sequestro.
A candidatura de Mangudadatu desafiou outro clã local, de
Datu Andal Ampatuan, que foi
governador três vezes da região
e cujo filho também concorrerá
ao cargo no pleito de 2010.
Mangudadatu acusou seu rival pelas mortes: "Falei com
[minha mulher logo após o sequestro, por celular], e ela disse
que foram eles, os Ampatuan".
Os rivais não responderam.
Se confirmada a versão, será
o pior episódio recente de violência política nas Filipinas.
Acostumado a disputas sangrentas -principalmente no
sul, palco de lutas separatistas e
onde políticos contam com milícias privadas-, o país se chocou com as atrocidades de ontem. Segundo a mídia local, algumas vítimas foram mutiladas, decapitadas e estupradas.
O sindicato filipino de jornalistas disse que dez de seus
membros estão desaparecidos.
"Nunca o jornalismo sofrera
uma perda de vidas tão grande
no mesmo dia", disse a ONG
Repórteres Sem Fronteiras.
A disputa entre os dois clãs
não é recente: no sentido inverso, Ampatuan acusara Mangudadatu de ter ordenado a morte
de dois de seus filhos, em 2002.
A ameaça de que o caso derive em uma espiral de vingança
levou o governo federal a declarar estado de exceção na região.
Um assessor de Gloria Arroyo,
a presidente filipina, disse que
a matança "não tem equivalentes na história recente do país".
Terra sob disputa
A Província de Maguindanao
fica na ilha semiautônoma de
Mindanao, de maioria muçulmana (no país predominantemente católico). Seu controle é
disputado por rebeldes comunistas, separatistas islâmicos e
governo federal. Porém, segundo análise da BBC, por ora não
há sinais de que o episódio de
ontem tenha relação com as
causas separatistas, mas sim
com disputas por poder e dinheiro na política regional.
Com agências internacionais
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