São Paulo, terça-feira, 24 de novembro de 2009

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Ataque nas Filipinas deixa 21 mortos em meio a disputa de clãs

Vítimas, incluindo dez jornalistas, viajavam em comboio de político do sul quando foram raptadas

DA REDAÇÃO

Ao menos 21 pessoas, entre jornalistas, advogados e parentes de um político local, foram mortas ontem nas Filipinas, no aparente desfecho de uma disputa eleitoral entre dois clãs políticos no sul do país.
As vítimas viajavam em um comboio de vans quando foram sequestradas e, horas depois, encontradas mortas pelo Exército filipino. Não há notícias do paradeiro do restante do comboio, de cerca de 40 pessoas.
Entre os mortos estava Genalyn, mulher de Ismael Mangudadatu, líder de um clã político local e candidato ao governo da Província de Maguindanao (sul) nas eleições de maio de 2010. Genalyn e seu grupo estavam a caminho de uma cidade próxima para oficializar a candidatura de Mangudadatu (ausente do comboio) quando foram alvo do sequestro.
A candidatura de Mangudadatu desafiou outro clã local, de Datu Andal Ampatuan, que foi governador três vezes da região e cujo filho também concorrerá ao cargo no pleito de 2010.
Mangudadatu acusou seu rival pelas mortes: "Falei com [minha mulher logo após o sequestro, por celular], e ela disse que foram eles, os Ampatuan". Os rivais não responderam.
Se confirmada a versão, será o pior episódio recente de violência política nas Filipinas. Acostumado a disputas sangrentas -principalmente no sul, palco de lutas separatistas e onde políticos contam com milícias privadas-, o país se chocou com as atrocidades de ontem. Segundo a mídia local, algumas vítimas foram mutiladas, decapitadas e estupradas.
O sindicato filipino de jornalistas disse que dez de seus membros estão desaparecidos. "Nunca o jornalismo sofrera uma perda de vidas tão grande no mesmo dia", disse a ONG Repórteres Sem Fronteiras.
A disputa entre os dois clãs não é recente: no sentido inverso, Ampatuan acusara Mangudadatu de ter ordenado a morte de dois de seus filhos, em 2002.
A ameaça de que o caso derive em uma espiral de vingança levou o governo federal a declarar estado de exceção na região. Um assessor de Gloria Arroyo, a presidente filipina, disse que a matança "não tem equivalentes na história recente do país".

Terra sob disputa
A Província de Maguindanao fica na ilha semiautônoma de Mindanao, de maioria muçulmana (no país predominantemente católico). Seu controle é disputado por rebeldes comunistas, separatistas islâmicos e governo federal. Porém, segundo análise da BBC, por ora não há sinais de que o episódio de ontem tenha relação com as causas separatistas, mas sim com disputas por poder e dinheiro na política regional.

Com agências internacionais



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