São Paulo, segunda-feira, 24 de dezembro de 2001

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Moratória é recurso usual na América Latina

DO BANCO DE DADOS

A decisão da Argentina de recorrer à moratória não é inédita no continente; o calote já foi anunciada várias vezes por países latino-americanos. Decidida unilateralmente pelo devedor, ou negociada com o credor, ela integra o receituário de saídas emergenciais das economias da região.
No Brasil, o primeiro presidente que recorreu à moratória foi Manuel Ferraz de Campos Salles, em 1898. O recurso foi reutilizado em 1913, no governo Hermes da Fonseca, quando a dívida do país atingia 15 milhões de libras.
Depois, em 1931, o governo provisório de Getúlio Vargas requereu moratória, mas conseguiu apenas um acordo para um refinanciamento de três anos com seus credores. Vargas voltaria a usá-la em novembro de 37, após a decretação do Estado Novo.
Nos anos de 1982 e 1983, o presidente João Figueiredo teve sua administração mergulhada em intensa crise cambial. Em dezembro de 1982, o governo admitiu, em reunião com banqueiros em Nova York, que estava quebrado. Em julho de 1983, o governo suspendeu os pagamentos.
Durante o governo Sarney, o Brasil requereu oficialmente uma moratória que vigorou entre fevereiro de 1987 a setembro de 1988.
A década de 80 também não foi fácil para outros latino-americanos. Em 1982, o México decretou a moratória, que durou 90 dias.
No ano seguinte, foi a vez do Uruguai decretar o calote. Em setembro, a Argentina viveu moratória de um mês. A Venezuela requereu e obteve sete moratórias entre março de 83 e janeiro de 85.
O Chile suspendeu os pagamentos de suas dívidas por três períodos consecutivos entre maio de 83 e fevereiro de 84. Em maio de 1984, o presidente da Bolívia, Hernan Siles Zuazo, comunicou oficialmente ao líder de seus credores, o Bank of America, a moratória da dívida externa do país.
Em agosto de 1985, o presidente peruano, Alan Garcia, limitou o pagamento da dívida a 10% do resultado das exportações, adiou para fevereiro de 86 o pagamento dos compromissos externos e adotou programa de austeridade.


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