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Moratória é recurso usual na América Latina
DO BANCO DE DADOS
A decisão da Argentina de recorrer à moratória não é inédita
no continente; o calote já foi
anunciada várias vezes por países
latino-americanos. Decidida unilateralmente pelo devedor, ou negociada com o credor, ela integra
o receituário de saídas emergenciais das economias da região.
No Brasil, o primeiro presidente
que recorreu à moratória foi Manuel Ferraz de Campos Salles, em
1898. O recurso foi reutilizado em
1913, no governo Hermes da Fonseca, quando a dívida do país
atingia 15 milhões de libras.
Depois, em 1931, o governo provisório de Getúlio Vargas requereu moratória, mas conseguiu
apenas um acordo para um refinanciamento de três anos com
seus credores. Vargas voltaria a
usá-la em novembro de 37, após a
decretação do Estado Novo.
Nos anos de 1982 e 1983, o presidente João Figueiredo teve sua
administração mergulhada em
intensa crise cambial. Em dezembro de 1982, o governo admitiu,
em reunião com banqueiros em
Nova York, que estava quebrado.
Em julho de 1983, o governo suspendeu os pagamentos.
Durante o governo Sarney, o
Brasil requereu oficialmente uma
moratória que vigorou entre fevereiro de 1987 a setembro de 1988.
A década de 80 também não foi
fácil para outros latino-americanos. Em 1982, o México decretou
a moratória, que durou 90 dias.
No ano seguinte, foi a vez do
Uruguai decretar o calote. Em setembro, a Argentina viveu moratória de um mês. A Venezuela requereu e obteve sete moratórias
entre março de 83 e janeiro de 85.
O Chile suspendeu os pagamentos de suas dívidas por três períodos consecutivos entre maio de 83
e fevereiro de 84. Em maio de
1984, o presidente da Bolívia, Hernan Siles Zuazo, comunicou oficialmente ao líder de seus credores, o Bank of America, a moratória da dívida externa do país.
Em agosto de 1985, o presidente
peruano, Alan Garcia, limitou o
pagamento da dívida a 10% do resultado das exportações, adiou
para fevereiro de 86 o pagamento
dos compromissos externos e
adotou programa de austeridade.
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