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Corte chinesa veta processo por terremoto em Sichuan
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Um tribunal da Província
chinesa de Sichuan rejeitou a
abertura de processo de pais
que perderam seus filhos no
terremoto do último mês de
maio. Os pais queriam processar o governo local e a construtora que fez uma escola onde
morreram 127 crianças.
O grupo de 60 pais entrou
com a ação no dia 1º de dezembro contra o governo da Província no Tribunal de Intermediação Popular da cidade de
Deyang. Um pai confirmou o
processo à agência de notícias
Associated Press, revelando
apenas o sobrenome, Sang,
com medo de represálias.
O pai revelou à agência que o
juiz do Tribunal disse que não
aceitaria o processo. Ele alegou
ter recebido um memorando
do governo central, instruindo
os juízes a não ouvir tais casos.
Sang ainda disse que outro pai
foi detido por um dia e alertado
de que não deve conversar com
jornalistas estrangeiros.
Nem o tribunal nem o Departamento de Educação da cidade
quiseram fazer comentários
sobre o processo.
A mídia estatal chinesa não
toca no assunto desde junho.
Logo após o terremoto, o governo disse que investigaria e puniria os responsáveis pela construção das escolas frágeis, mas
não houve até o momento divulgação de nenhuma apuração
governamental.
Má qualidade
Mais de 7.000 salas de aula
desmoronaram no terremoto,
que matou 70 mil pessoas. O
governo não divulgou até hoje o
número exato de estudantes
que morreram durante a tragédia, que se tornou um foco de
críticas à corrupção no Partido
Comunista.
Em várias cidades de Sichuan, escolas e hospitais, feitos com materiais de má qualidade, foram os primeiros a desmoronar, enquanto prédios vizinhos ficaram em pé, como a
reportagem da Folha viu em
Dujiangyan durante o resgate
das vítimas.
Pouco após o terremoto, a
polícia começou a proibir protestos e manifestações de pais
que perderam seus filhos. Em
alguns casos, para receber ajuda como vítimas do terremoto,
pais tiveram que assinar declarações se comprometendo a
não participar de protestos e a
não entrar com ações contra o
Estado chinês.
O processo arquivado era
contra o governo do distrito de
Fuxin, o Departamento de
Educação da cidade de Mianzhu, a qual pertence o distrito,
o diretor da escola e a companhia que a construiu.
Cada pai contribuiu com cerca de mil yuans (R$ 350) para
pagar os custos com um advogado de Xangai que se ofereceu
para representá-los.
Um documentário que mostra o colapso de escolas na zona
rural do norte da Província
também provoca discussão e
dificilmente poderá ser exibido
na China.
"Quem matou nossas crianças", do diretor Pan Jianlin, só
foi exibido no festival de cinema de Pusan, na Coréia do Sul.
O diretor afirmou que parentes
receberam ligações do governo
sugerindo que ele pare já de
exibir a produção.
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