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Senadores votam repúdio a plano de Bush
Horas depois do discurso do presidente, comissão do Senado aprova moção contrária a aumento de tropas no Iraque
Iniciativa é bipartidária;
aumenta o número de
republicanos que se opõem
à proposta defendida outra
vez por Bush na terça-feira
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Nem bem Washington acabava de digerir o discurso tíbio
de George W. Bush de terça à
noite, em que o presidente norte-americano se isolou ainda
mais da opinião pública e de
sua base de apoio ao insistir na
defesa do aumento do número
de tropas no Iraque, o Congresso contra-atacou com resolução que condena o plano do republicano.
No fim da tarde de ontem, a
Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou moção
de repúdio à proposta de Bush,
uma iniciativa incomum em
tempos de guerra. Segundo o
texto da resolução, que não tem
força de lei e ainda passará pelo
plenário, mas serve como um
termômetro da oposição cada
vez maior que o plano enfrenta,
a decisão do presidente "não
serve aos interesses nacionais".
A proposta foi aprovada por
12 votos a 9, sendo 11 de democratas. "É melhor que estejamos muito seguros, todos nós,
antes de mandar mais 22 mil
americanos para aquele moedor", disse o senador republicano Chuck Hagel, referindo-se
ao Iraque. "Não estamos tentando envergonhar o presidente", fez coro o democrata Joseph Biden, presidente da comissão, "mas evitar que ele cometa um erro significativo".
A resolução chega horas depois de Bush ter pedido no
mesmo Congresso, durante o
discurso anual "O Estado da
União", que os políticos esqueçam as divisões partidárias e
"dêem uma chance" ao seu plano. As divisões foram superadas, mas não da maneira que o
presidente previa. Embora
apenas um republicano do comitê tenha votado a favor da resolução, cresce o número de
políticos da situação que começam a expressar dúvidas em relação às intenções de Bush.
Republicanos
"Não estou confiante de que
o plano do presidente vai ser
bem-sucedido", disse Richard
Lugar. Como Hagel, outros oito
senadores, do total de 49 do
partido governista, expressaram desejo de votar em medidas que restrinjam de alguma
maneira a autoridade de Bush
na condução da guerra.
A reação dos senadores é a
parte mais evidente de um sentimento mais ou menos geral
no Capitólio: de crítica às propostas defendidas por Bush na
noite de terça, pelo menos no
campo da política externa. O
presidente tentou desviar as
atenções, gastando mais da metade dos 50 minutos de seu discurso com questões domésticas
e tocando no tema da guerra
apenas na sétima das dez páginas do texto. Foi o suficiente.
O cerne da réplica democrata, exibida logo após o discurso
e defendida pelo senador conservador Jim Webb, foi a guerra. Nos nove minutos em que
falou às câmeras, o ex-marine
foi áspero nas palavras. "Precisamos de uma nova direção" na
condução da guerra, disse, depois de chamar o presidente de
"imprudente" e dizer que o
conflito foi "mal conduzido por
quatro anos".
Terminou lembrando Bush
de Theodore Roosevelt (1901-1909) e Dwight Eisenhower
(1953-1961). "Esses presidentes tomaram as ações corretas
em benefício do povo americano e da saúde de nossas relações internacionais", disse
Webb. "Nessa noite, exortamos
esse presidente a agir de maneira semelhante em ambas as
áreas. Se fizer isso, o seguiremos. Se não, mostraremos a ele
o caminho."
Casa Branca responde
Ontem, em entrevista gravada que seria exibida à noite pela
CNN, o vice-presidente Dick
Cheney partiu para a tréplica.
Depois de dizer que acreditava
que o terrorista saudita Osama
bin Laden ainda estava vivo,
disse que mesmo assim os Estados Unidos "causaram muito
dano" à liderança da Al Qaeda.
O republicano negou que a
Guerra do Iraque tenha afastado o foco dos EUA do que realmente importava, manter o
Afeganistão livre dos talebans e
capturar Bin Laden. "Nós conseguimos fazer mais do que
uma coisa ao mesmo tempo."
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