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Líbano deve receber hoje US$ 5 bi
Conferência em Paris procura reforçar a autoridade do premiê Siniora, contestada pelo Hizbollah
Serão 35 países, entre eles
o Brasil, que mobilizarão recursos para a reconstrução do país; objetivo é evitar a ingerência do Irã e da Síria
Ousama Ayoub/France Presse
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Milhares de libaneses seguem o féretro de Bilal Howaiek, partidário do governo morto durante a greve geral de anteontem, que pedia a renúncia do premiê Siniora
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro libanês,
Fuad Siniora, poderá obter, em
conferência de doadores a ser
aberta hoje em Paris, empréstimos de US$ 5 bilhões para a reconstrução do país e para abater uma parcela da dívida externa que imobiliza seu governo.
A conferência, convocada pelo presidente francês, Jacques
Chirac -que prometeu emprestar US$ 650 milhões-,
ocorre em meio ao recrudescimento das pressões pela renúncia do premiê, que é muçulmano sunita, e para que os xiitas do grupo radical Hizbollah,
apoiado pela Síria e pelo Irã, tenham mais espaço local.
Os confrontos de rua entre
partidários e adversários do governo deixaram anteontem em
Beirute um saldo de três mortos e 173 feridos, 48 deles por
armas de fogo, disse a polícia.
Novos incidentes ocorreram
ontem em Trípoli, a segunda
maior cidade libanesa, com tiroteios entre grupos rivais, desencadeados durante funerais
de uma das vítimas da véspera.
Há um ferido.
A Reuters informa que a Arábia Saudita, que apóia os sunitas, e o Irã, que apóia o Hizbollah, estão negociando um acordo para impedir que a atual onda de violência se transforme
numa nova guerra civil.
A oposição a Siniora -da
qual também participa uma
parcela dos cristãos, liderados
por Michel Aoun- ganhou fôlego pelos efeitos negativos de
um pacote fiscal do governo,
que aumentou os impostos indiretos e assim prejudicou os
mais pobres, sobretudo xiitas.
É nesse quadro político e
econômico que o premiê libanês, acusado pela oposição de
pró-americano e condescendente com Israel, procura obter
em Paris recursos que evitem a
bancarrota de seu país.
A conferência de doadores
terá a participação de 35 países
ocidentais e árabes do Golfo.
Estarão presentes a secretária
de Estado americana, Condoleezza Rice, o secretário-geral
da ONU, Ban Ki-Moon, e o presidente da Comissão Européia,
José Manuel Barroso.
Depois de ser recebido ontem por Chirac, Siniora afirmou que "o custo da ajuda ao
Líbano, mesmo se aparentemente elevado, será bem menor que o custo de não ajudar o
Líbano", numa referência indireta à instabilidade em todo o
Oriente Médio que sua possível
queda provocaria. O país tem
uma dívida externa de US$ 40,5
bilhões (enorme, para 3,8 milhões de habitantes), equivalente a quase dois anos do PIB.
Há também o financiamento
da reconstrução dos estragos
provocados no ano passado pela guerra de 34 dias entre o Hizbollah e forças israelenses.
Conferência anterior de doadores, em agosto último, arrecadou US$ 1 bilhão em Estocolmo, Suécia. Antes disso, países
aliados haviam se encontrado
em Paris, em 1998, também para doações, em razão das dificuldades de reconstrução da
infra-estrutura comprometida
pela Guerra Civil (1975-1990).
Além da França, da qual o Líbano já foi um protetorado,
comprometeram-se desta vez a
União Européia, com US$ 522
milhões, Estados Unidos, com
possivelmente US$ 230 milhões, Reino Unido, com US$
40 milhões, e a Dinamarca,
com US$ 3,5 milhões.
O Brasil, que já havia emprestado ao Líbano US$ 500
mil no ano passado, fará um
aporte adicional de US$ 1 milhão. A delegação brasileira, a
única latino-americana a ser
convidada pelo governo francês, é chefiada pelo chanceler
Celso Amorim.
Em termos políticos, a conferência preserva Fuad Siniora
como interlocutor único de um
país excepcionalmente dividido, por questões políticas e
confessionais, e no qual o Irã e a
Síria também exercem demasiada influência.
Com agências internacionais
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