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700 mil passaram pela fronteira de Gaza, afirma ONU
Pelo segundo dia, população palestina aproveita derrubada de muro fronteiriço pelo Hamas para se abastecer no Egito
Sob pressão do governo de Israel, autoridades egípcias passam a limitar circulação na área e indicam retomada de bloqueio ao território
DA REDAÇÃO
Pelo segundo dia consecutivo, uma multidão de palestinos
aproveitou a destruição pelo
grupo radical islâmico Hamas
da cerca que separa a faixa de
Gaza do Egito para atravessar a
fronteira e comprar mantimentos na parte egípcia da cidade de Rafah.
Segundo a ONU, o número de
palestinos que romperam o
bloqueio imposto por Israel há
nove dias e entraram no Egito
desde quarta-feira em busca de
alimentos, remédios e combustível chega a 700 mil -quase a
metade da população de Gaza.
Esses números não levam em
conta o fato de muitos moradores da área terem cruzado a
fronteira várias vezes.
O premiê de Israel, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP),
Mahmoud Abbas, devem se
reunir em Jerusalém no próximo domingo para discutir a situação na faixa de Gaza, área
controlada pelo Hamas desde
junho último. Israel tem, nos
últimos dias, empreendido as
mais intensas ações militares
contra o território desde então,
com saldo de ao menos 23 mortos (dois deles num ataque aéreo ocorrido ontem), em retaliação ao disparo de mísseis
contra seu território.
A livre circulação de pessoas
e mercadorias entre a faixa de
Gaza e o Egito começou na madrugada de terça para quarta,
depois que militantes do Hamas derrubaram com dinamite
e escavadeiras dois terços do
muro fronteiriço, que tem
aproximadamente 12 km.
Mas o Cairo, que autorizou
inicialmente a entrada de palestinos para evitar que eles
"morram de fome", nas palavras do ditador Hosni Mubarak, sinalizou ontem que a
fronteira pode voltar a ser fechada em breve. Proibidos de ir
além da cidade de El Arish, a 45
km da fronteira, os palestinos
já estão sendo instruídos pela
polícia egípcia a voltar a Gaza.
A medida atende a uma exigência de Israel, que vinha cobrando do Egito o cumprimento do acordo que lhe confere a
responsabilidade de controlar a
fronteira sul da faixa de Gaza. A
posição havia sido reforçada
pelo governo americano.
Ainda no campo diplomático,
o Conselho de Direitos Humanos aprovou ontem, graças à
mobilização de países em desenvolvimento, uma resolução
exigindo do governo israelenses o fim do bloqueio a Gaza e
dos ataques militares à região.
Os EUA e Israel, que não estão
entre os 47 países-membros do
órgão mas podem participar
das sessões como observadores, boicotaram os debates.
O Conselho de Segurança da
ONU não se pronunciou sobre
o caso. Ainda em debate, uma
proposta de resolução que condena o cerco israelense vem
sendo rejeitada pelos EUA, que
vêem o Hamas como o responsável pelo ocorrido em Gaza.
Analistas afirmam que a situação em Gaza evidencia a força política do Hamas, que conseguiu quebrar o bloqueio israelense e deixou o governo
egípcio sem reação. "O Hamas
impôs uma nova situação e sinalizou ao Egito que não se pode simplesmente lacrar a fronteira e deixar a resolução do
problema para depois", diz Ezzedin Choukri, do centro de estudos International Crisis
Group. Para Helena Cobban, o
colapso do muro de Gaza é um
marco histórico. "O Hamas
provou de vez que deve ser incluído nas negociações [de paz
com Israel]", avalia.
Num sinal de que está confiante, o Hamas ameaçou derrubar também a fronteira da
faixa de Gaza com Israel.
Nos arredores de Jerusalém,
dois militantes palestinos e um
policial israelense morreram
em dois episódios de violência.
Com agências internacionais
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