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Ajuda humanitária enfrenta obstáculos
Nos recém-abertos postos da divisa egípcia, médicos e assistentes humanitários ainda encontram dificuldades para entrar em Gaza
Espera é de horas ou até de dias; no território onde falta luz, água, suprimentos e médicos, há cerca de 50 mil desabrigados, estima a ONU
DO ENVIADO À FAIXA DE GAZA
Médicos e organizações de
ajuda humanitária estão tendo
dificuldades em cruzar a fronteira do Egito com a faixa de
Gaza, devido a restrições estabelecidas pelo Cairo. Caminhões com mantimentos e material de saúde também continuavam retidos ao menos até a
tarde de ontem, enquanto pessoas ou grupos carregando caixas com alimentos eram aceitos pelo controle egípcio.
Um grupo de 26 médicos turcos da entidade Doctors
Worldwide estava desde a antevéspera em um hall do posto de
fronteira egípcia, em Rafah, esperando autorização para entrar. Dez médicos americanos
da Imana (Associação Médica
Islâmica da América do Norte)
também haviam sido barrados
na sexta-feira, depois de cinco
horas de espera.
"Estamos aqui há 34 horas",
explicou às 14h de ontem o clínico-geral Kerem Kinik, diretor da Doctors Worldwide.
"Não conseguimos dormir nem
comer direito, porque aqui só
tem biscoitos", reclamou ele,
que atribuiu o problema a dificuldades de comunicação entre
órgãos do governo.
De acordo com Kinik, enquanto a Chancelaria egípcia os
havia liberado, o Ministério do
Interior continuava emperrando a divisa. A organização doou
43 toneladas de equipamento
ao Hospital Nasr, em Gaza.
Os americanos tinham sido
barrados na sexta, mas pelo
menos voltaram ao hotel, a
meia hora dali, em El Arish.
Dos oficiais de plantão, ouviram cada hora uma explicação.
Como os turcos, os médicos
com cidadania americana superaram a primeira barreira
em Rafah, mas passaram cinco
horas aguardando, ouvindo diferentes demandas das autoridades de segurança egípcias para entrarem em Gaza.
Mesmo com o intenso bombardeio de 22 dias de Israel,
com mais de 1.300 mortos e
5.500 feridos, os policiais informaram que não era necessária
a ajuda deles, uma vez que já
havia "médicos demais".
Depois, afirmaram que apenas algumas especialidades seriam aceitas, como cirurgia e
pediatria. Segundo o grupo, o
ministro da Saúde de Gaza, Medhat Abbas, contestou a informação e reafirmou a urgência
de serviços especializados.
O representante do Hamas,
que governa o território de 1,5
milhão de habitantes há 18 meses sob bloqueio de Israel, se
prontificou a ir à fronteira, mas
os médicos ouviram que ele
não tinha autoridade ali e e a investida seria infrutífera.
Em seguida, oficiais de inteligência egípcios disseram que
não poderiam entrar porque
não havia informações precisas
sobre a presença do grupo ali.
Na tarde de ontem, porém, o
grupo (afiliado à Missão Médica Americana) conseguiu a autorização para atuar em Gaza,
após a intervenção de uma autoridade do Exército do Egito.
Eles finalmente entraram, após
6 horas de espera. Já os turcos
continuavam esperando.
O tempo era ontem a média
de espera para quem queria ir
do Egito para Gaza -a passagem fora bloqueada ao longo de
toda a ofensiva israelense, encerrada há uma semana.
Na fronteira, jornalistas e outros tipos de assistentes humanitários, como advogados de direitos humanos, disputavam a
rara boa-vontade ante a dificuldade de comunicação com os
militares do Exército que controlavam o portão principal.
(RAPHAEL GOMIDE)
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