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Israel recebe repórter com desconfiança
DO ENVIADO À FAIXA DE GAZA
A recepção de Israel a jornalistas estrangeiros e integrantes de órgãos de ajuda
humanitária, após a trégua
na faixa de Gaza, é com muitas perguntas, desconfiança,
chá de cadeira e até o pedido
de uma "forcinha" na cobertura. O país tornou ainda
mais severas as já rígidas medidas de segurança locais.
No aeroporto de Tel Aviv,
uma jovem agente quis saber
a opinião do repórter sobre a
ofensiva e o que escreveria.
Indagou se vinha "falar mal"
de Israel, "como a maioria
dos jornalistas, que não falam dos foguetes do Hamas".
"Este é um grande país", disse, com sorriso orgulhoso, a
moça de origem espanhola.
O discurso não se restringe
aos órgãos de segurança; em
uma manhã em Tel Aviv, o
repórter ouviu três pessoas
na rua dizerem o mesmo.
Um vendedor, após ajudar
a resolver um problema, pediu, sorrindo, como "contrapartida": "Fale bem do nosso
país!" A funcionária dos Correios fez o mesmo.
Os agentes exigem o maior
número possível de credenciais comprovando a atividade e documentos pessoais.
Ao desembarcar, jornalistas
e assistentes humanitários
são separados dos demais
passageiros para entrevistas
particulares.
O repórter da Folha foi
mandado a uma sala com
TV, assim que informou o
propósito da viagem. Foi entrevistado três vezes, por
duas agentes; teve de dizer o
nome do avô paterno, o telefone e o endereço no Brasil e
informar todos e-mails. A espera total, entre as cadeiras
da salinha e as entrevistas,
durou 2h15. A liberação veio
após checarem, pelo Google,
o nome em reportagens.
A sessão foi precedida por
um pente-fino, perguntas,
"pegadinhas" e checagens no
aeroporto do Cairo.
(RG)
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