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EUA
Iniciativa é da empresa dos Emirados Árabes; Bush ganha tempo para convencer oposição a permitir negócio
Controle árabe de portos nos EUA é adiado
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
Na mais nova crise política enfrentada pela Casa Branca, o presidente George W. Bush ganhou
tempo para retomar a ofensiva e
convencer o Congresso de que a
venda da operadora de seis grandes portos do país para uma companhia de propriedade dos Emirados Árabes não apresenta risco
para a segurança nacional.
No início da noite de anteontem, a gigante Dubai Ports World
anunciou que concluirá na próxima quinta-feira a compra da britânica Peninsular & Oriental
Steam Navigation, que opera os
seis portos, mas que não pretende
exercer o controle sobre os portos
americanos ainda.
A empresa não indicou quando
fará uso desse direito. A oposição
a Bush no Congresso pretende
iniciar uma investigação sobre a
venda da P&O, uma das maiores
companhias do setor, mas a Casa
Branca não admite essa tentativa
e vai se esforçar para persuadir
tanto republicanos quanto democratas da importância do negócio.
A polêmica virou assunto de
um esquentado debate nos EUA e
permitiu, como pouquíssimas vezes, que os democratas acusassem
a administração Bush de relapsia
sobre a segurança nacional. A resistência contra o negócio também evoluiu para protestos de
sindicatos de trabalhadores portuários e ameaças: da senadora
Hillary Clinton, de apresentar
uma lei bloqueando o repasse para a empresa de Dubai; e do governador de Nova York, George
Pataki, de encerrar o contrato
com a P&O.
A oposição baseia suas críticas
no fato de que os Emirados Árabes não reconhecem a existência
de Israel e do uso de seu sistema
bancário por seqüestradores dos
aviões usados nos ataques terroristas do 11 de Setembro. Temem
uma infiltração terrorista em um
dos portos negociados.
Para a Casa Branca, Dubai é um
dos principais aliados dos EUA
no golfo Pérsico -o único porto
onde navios da Marinha conseguem atracar e fazer manutenção
na área- e o controle dos contêineres fica nas mãos da Guarda
Costeira e do pessoal de alfândega, não da empresa. Bush prometeu usar seu poder de veto pela
primeira vez na sua gestão para
condenar qualquer lei que vise
bloquear o contrato.
Depois de adquirir a P&O, a
Dubai será responsável pela operação dos portos de Miami, Filadélfia, Baltimore, Nova Orleans,
Nova Jersey e Nova York, todos
na Costa Leste dos EUA. A Dubai
também controlará o porto de
Vancouver, no Canadá.
Para a população, os portos
continuam sendo um alvo fácil
para atentados terroristas. Se logo
após os ataques do 11 de Setembro
2% da carga era vistoriada, hoje a
taxa chega a meros 5% do total
que os locais movimentam.
A imprensa americana chegou a
divulgar ligações suspeitas entre o
secretário do Tesouro, John
Snow, e a Dubai. A empresa CSX,
que ele presidia antes de assumir
o cargo, foi vendida à Dubai por
US$ 1,15 bilhão em 2004. E, no governo, Snow chefiou o painel que
autorizou o repasse da operação
dos portos à empresa árabe.
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