São Paulo, segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

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Rússia e Sérvia culpam EUA por crise em Kosovo

Favorito para suceder Putin, Medvedev condena "destruição da ordem mundial"

Moscou recua e descarta uso de força militar na região; protesto em Viena contra autonomia da ex-Província tem choque com a polícia

DA REDAÇÃO

O premiê sérvio, Vojislav Kostunica, responsabilizou ontem os EUA pela nova crise na região dos Bálcãs, iniciada após a declaração unilateral de independência da Província sérvia de Kosovo, no último dia 17.
Moscou e Belgrado rejeitaram a declaração, que, contudo, recebeu o apoio de Washington já no dia seguinte ao anúncio.
"Os EUA devem anular sua decisão de reconhecer um falso Estado no território da Sérvia", afirmou Kostunica. "Eles devem reafirmar a resolução 1.244 do Conselho de Segurança da ONU, que garante a soberania e a integridade territorial da Sérvia", concluiu.
"O prosseguimento do uso da força irá aprofundar a crise que mina as fundações da ordem mundial e ameaça a paz e a estabilidade nos Bálcãs", disse.
Aliada da Sérvia, a Rússia também atacou a independência de Kosovo e sugeriu que os norte-americanos estão destruindo a "ordem mundial".
Em um comunicado, o vice-premiê russo Dmitri Medvedev afirmou que, ao invés de apoio à independência [de Kosovo] e a outras ações "que destroem a ordem mundial", deveria haver "uma decisão baseada na lei e no compromisso entre Belgrado e Pristina [capital kosovar]".
Medvedev, que chega hoje à Sérvia, indagou: "Apoiar a população albanesa de Kosovo [...] e ficar indiferente ao destino de centenas de milhares de sérvios que estão sendo levados a uma situação de gueto não é um cinismo flagrante?". Cerca de 90% da população de Kosovo é de origem albanesa.
"Não é cinismo o povo sérvio ser abertamente humilhado enquanto prometem a Belgrado um futuro euroatlântico desde que concorde com o desmembramento [kosovar]?", insistiu o vice-premiê, favorito a suceder Vladimir Putin na eleição presidencial de domingo.
O representante da Rússia na Otan (aliança militar ocidental), Dmitri Rogozin, voltou atrás em sua ameaça de recorrer à "força", no caso de a organização ou a União Européia "desafiarem" a resolução da ONU em relação a Kosovo.
"Não temos a intenção de intervir militarmente em uma região conturbada distante de nossas fronteiras. [...] Não há nenhum ataque direto contra a Rússia nem ataques diretos contra nossos interesses nacionais", disse, retratando-se das declarações de sexta passada.
Kosovo estava sob administração da ONU desde a intervenção da Otan contra a repressão sérvia aos separatistas kosovares, em 1999. A segurança é feita atualmente por 16 mil militares da organização.

Protesto
Queimando bandeiras dos EUA e aos gritos de "Sérvia, Sérvia", 6.000 sérvios protestaram em Viena contra a independência de Kosovo. Quatro manifestantes foram presos e dois policiais ficaram feridos.


Com agências internacionais


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