São Paulo, quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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Londres minimiza apoio regional à Argentina

Respaldo dá mais repercussão a reclamações de Buenos Aires sobre Malvinas, mas não faz que elas sejam efetivas, diz Reino Unido

Chanceler argentino se reúne com secretário-geral da ONU para reiterar queixas contra decisão britânica de buscar petróleo nas ilhas


SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

O Reino Unido minimizou ontem o apoio regional obtido pela Argentina em seus protestos contra a exploração de petróleo pelos britânicos na região das ilhas Malvinas, cuja soberania é reivindicada pelos dois países.
"Estamos habituados a ver os países da América Latina serem porta-vozes da Argentina, como um ato de solidariedade regional", afirmou um porta-voz do Ministério do Exterior britânico.
Anteontem, os governantes de 32 países da região, reunidos em cúpula no México, apoiaram os protestos da Argentina. O porta-voz do governo britânico reconheceu que o respaldo ofereceu "mais munição" ao chanceler argentino, Jorge Taiana, no encontro que ele manteve ontem à noite com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em Nova York.
"Mas o fato de haver mais gente assistindo [aos protestos] não significa que eles terão mais efeito", afirmou o representante britânico.
Taiana fez declarações enfáticas após o encontro com Ban, a quem pediu "bons ofícios", para convencer o Reino Unido a negociar a questão.
"Vamos defender nossos direitos com todos os meios que nos proporcionam a diplomacia e o direito internacional", afirmou o chanceler.
A Argentina argumenta que o Reino Unido, que tem assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, fere a resolução do organismo que veta atitudes unilaterais por parte dos países relacionadas à área em disputa.
A premissa foi abraçada pelo presidente Lula, que salientou anteontem o apoio brasileiro à Argentina nessa questão.
O Reino Unido nega atropelo ao direito internacional, porque não reconhece como legítima a reivindicação de soberania da Argentina sobre as ilhas.
No entanto, a defesa da soberania foi acrescentada à Constituição da Argentina após a Guerra das Malvinas (1982), em que os argentinos tentaram ocupar o território e foram vencidos pela resistência britânica.
A atual estratégia do governo argentino envolve, além da conquista de apoio internacional para forçar o Reino Unido a negociar, atitudes que dificultem e encareçam a operação de prospecção pelos britânicos.
Por decreto, a presidente Cristina Kirchner impôs limitações ao tráfego pelas águas argentinas de embarcações com destino às Malvinas. A Casa Rosada anunciou também que estuda sanções às empresas que tomem parte das atividades exploratórias.
"É mais um ato que afeta recursos naturais não renováveis. Esta decisão britânica ilegal afeta o patrimônio dos argentinos e suas gerações futuras", disse ontem Taiana.

Com agências internacionais



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