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Espanha legaliza o aborto inclusive para adolescentes
Lei permite interrupção livre da gravidez até 14ª semana e, com condicionantes, até 22ª
Grávidas entre 16 e 18 anos precisarão comunicar a um responsável, mas não terão que pedir autorização; regra é contestada por opositores
DA REDAÇÃO
O Senado da Espanha aprovou ontem em definitivo lei que
libera o aborto até a 14ª semana
de gestação e permite a adolescentes entre 16 e 18 anos interromper a gravidez mesmo sem
o consentimento de seus pais.
A chamada Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva e da Interrupção Voluntária da Gravidez,
que já havia sido ratificada pela
Câmara dos Deputados em dezembro, teve 132 votos favoráveis, 126 contrários e uma abstenção e entrará em vigor quatro meses depois da sua publicação no diário oficial, o que deve ocorrer na próxima semana.
A aprovação da medida dá sequência à agenda liberal patrocinada pelo governo socialista
de José Luis Rodríguez Zapatero, que, contrariando setores
conservadores e a Igreja Católica, desde 2004 já aprovou o casamento entre homossexuais e
afrouxou regras para divórcio.
Pelo texto impulsionado por
governistas, a interrupção da
gravidez é livre até a 14ª semana gestação e, até a 22ª, condicionada ao risco à vida ou à saúde da gestante -segundo médico que não realizará a intervenção- ou malformação no feto
-certificada por dois médicos.
Após esse período, a interrupção da gravidez só poderá
ser realizada diante de anomalia fetal "incompatível com a vida" ou quando o feto sofrer de
doença grave e incurável, segundo um painel de médicos.
Adolescentes dos 16 aos 18
anos poderão interromper a
gestação após comunicar a intenção a ao menos um dos pais
ou responsáveis, mas não precisarão de sua autorização. A
exigência, no entanto, deverá
ser desconsiderada nos casos
em que se julgar que pode resultar em ameaça de violência,
perigo ou coerção à grávida.
A nova lei substitui a atual legislação, de 1985, que à época
da sua aprovação já fora considerada relativamente liberal
em uma sociedade de tradição
fortemente católica como a da
Espanha, por descriminalizar a
interrupção de gravidez em casos de estupro, grave malformação do feto e dano à saúde física e psicológica da gestante.
Segundo dados do governo
espanhol, cerca de 116 mil mulheres praticaram o aborto no
ano passado no país -de 45 milhões de habitantes-, aumento
de 3,27% sobre 2008. Destas,
estima-se que mais de 10 mil tivessem até 18 anos de idade.
Repercussão
A aprovação da lei do aborto
foi acompanhada nas galerias
do plenário por grupos de defesa dos direitos das mulheres,
que aplaudiam as intervenções
em favor da nova legislação.
Do lado de fora do Parlamento, no entanto, protestos eram
ouvidos de grupos antiaborto,
que, na semana passada, apresentaram mais de 1 milhão de
assinaturas contra a lei.
Acompanhada dos ministros
da Igualdade, da Justiça e da
Habitação, a senadora socialista Leire Pajín disse que a proposta aprovada era "madura",
elaborada após dois anos de
"reflexão e pontos de encontro" e "põe fim à dívida pendente" do país com as mulheres.
"As mulheres que não concordarem com a lei não precisam usá-la, mas não podemos
impedir as que quiserem", afirmou, segundo o "El País".
Já a porta-voz do opositor
Partido Popular no Senado,
Carmen Dueñas, acusou o governo de "impor o aborto livre"
contra a vontade da sociedade e
tentar "acabar com um dos pilares da Espanha: a família".
Com agências internacionais
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