São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Julian Assange será extraditado para a Suécia, decide juiz

Fundador do site WikiLeaks responde a acusação de estupro no país escandinavo; defesa promete recorrer

Extradição ocorrerá em dez dias se o recurso for indeferido; advogado do ativista, porém, se diz otimista com o pedido

ESTHER ADDLEY
ALEXANDRA TOPPING
DO "GUARDIAN", EM LONDRES

Julian Assange, o fundador do site WikiLeaks, deve ser extraditado à Suécia para enfrentar acusações de estupro e agressão sexual. Sua equipe de advogados já confirmou que ele vai recorrer. Se esse recurso for indeferido, Assange será enviado à Suécia em dez dias.
Falando diante da corte de magistrados de Belmarsh, no sudeste de Londres, após o julgamento, Assange criticou o sistema europeu de mandados de prisão.
Ele qualificou a decisão de extraditá-lo como "processo burocratizado, automatizado". Disse: "A decisão não é surpresa, mas é errada, mesmo assim. É o resultado de um sistema de emissão de mandados descontrolado."
Não foi feita uma avaliação das alegações feitas contra ele, disse Assange, para quem a extradição o submeterá a um sistema legal que ele não compreende, usando uma língua que ele não fala.
Assange disse que os EUA estavam, conforme sua própria admissão, aguardando o veredicto da corte britânica antes de decidir que ação empreender contra ele. "O que os EUA têm a ver com um processo de extradição sueco?", perguntou.
"Por que eu, ativista da liberdade de imprensa que faz um trabalho sem fins lucrativos, sou sujeito a fiança de US$ 360 mil? Por que sou mantido em prisão domiciliar eletrônica quando nem sequer fui criminalmente acusado em nenhum país e nunca estive foragido?"
A defesa argumentou que as alegações feitas contra Assange não constituem delitos na lei inglesa e que, portanto, não constituiriam justificativas para uma extradição.
Mas o juiz Howard Riddle afirmou que os delitos alegadamente cometidos contra a senhorita A, de agressão e molestamento sexual, atendem aos critérios para uma extradição, e que a alegação feita pela senhorita B, se for comprovada, "equivaleria a estupro" no Reino Unido.
Riddle reconheceu que tem havido "considerável publicidade adversa a Assange na Suécia", incluindo declarações do premiê. Mas disse que, se foram cometidas irregularidades pela Justiça sueca, o melhor lugar para avaliá-las será em um julgamento na Suécia.
O advogado de Assange, Mark Stephens, disse que a decisão judicial não constituiu surpresa e reafirmou as preocupações da equipe de Assange de que cumprir o mandado de prisão europeu equivale a fazer "justiça do tipo em que se assinalam respostas com uma caneta" "Ainda temos esperanças de que a questão seja resolvida neste país", disse. "Continuamos otimistas quanto às chances de recurso."
O fundador do WikiLeaks combate o pedido de extradição desde que foi detido e libertado sob fiança, em dezembro. Ele nega as acusações de estupro, feitas pelas duas mulheres em 2010.
Os EUA não formularam nenhuma acusação criminal contra Assange, mas estão investigando o WikiLeaks.

Tradução de CLARA ALLAIN


Texto Anterior: China bloqueia rede social para evitar organização de protestos
Próximo Texto: Guerra: EUA desperdiçaram bilhões no Iraque e Afeganistão, diz estudo
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.