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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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FRONT DOMÉSTICO

Estimativa inclui ajuda humanitária a iraquianos e programas de apoio a aliados

Bush pede US$ 75 bi ao Congresso

Associated Press/The Dallas Morning News
Militares norte-americanos se preparam para revistar iraquiano, que estaria em ação suspeita, antes de interrogá-lo


FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O governo dos Estados Unidos apresentou ontem pela primeira vez uma estimativa de custos da guerra contra o Iraque. O valor chega a US$ 75 bilhões e uma proposta de emenda ao Orçamento de 2003 deve ser encaminhada hoje ao Congresso.
Ao mesmo tempo em que começa a discutir cifras da guerra, o presidente George W. Bush fará uma ofensiva interna nesta semana para demostrar apoio às tropas. Os dois movimentos coincidem com as primeiras más notícias para os EUA no front iraquiano, com baixas e soldados do país capturados pelo Iraque.
Bush irá ao Pentágono hoje e deve viajar amanhã para a Flórida a fim de visitar o quartel-general do Comando Central das Forças Armadas dos EUA. Na quinta-feira, ele vai se reunir com o premiê britânico, Tony Blair.
Nos próximos dias, é possível que Bush se desloque também para uma base norte-americana no Golfo Pérsico.
Há semanas Bush vinha sendo cobrado a apresentar uma proposta de orçamento para a guerra. A pressão chegou ao ponto de o Senado ter imposto uma derrota ao presidente ao retirar, na sexta-feira, US$ 100 bilhões do pacote de corte de impostos do governo para os próximos dez anos -estimado em US$ 726 bilhões- e reservar o dinheiro para gastos militares.
A proposta de Bush ainda é vaga em termos da duração do conflito. Ontem, o mercado de ações do país começou a refletir uma expectativa de que a guerra será mais longa do que se previa.
Enquanto Bush discutia o orçamento com militares e com o presidente do Fed (o Banco Central dos EUA), Alan Greenspan, as principais Bolsas do país operavam em baixas expressivas, as maiores em quase seis meses.
Pesquisas de opinião realizadas no fim de semana mostraram o mesmo sentimento, embora o apoio a Bush continue forte entre dois terços da população.
Dos US$ 75 bilhões estimados para a guerra, US$ 62 bilhões devem ser alocados para o Departamento de Defesa. Outros US$ 5 bilhões a US$ 8 bilhões irão para ajuda humanitária no Iraque e para programas de apoio a países aliados dos EUA no Oriente Médio, como Israel, Egito e Jordânia. A Turquia está fora da lista.
O restante do dinheiro irá para programas de segurança interna.
Os números fechados serão encaminhados hoje ao Congresso e devem ser apresentados pessoalmente por Bush ao Pentágono.
Depois de insistir durante três dias que a guerra contra o Iraque será mais difícil do que muitos previam, a estratégia de Bush agora é reforçar o apoio aos militares -especialmente depois que as notícias de baixas entre os soldados se tornaram mais frequentes.
Em sua visita à Florida amanhã, Bush deve aparecer ao lado de centenas de militares da base aérea de MacDill, que responde pelas operações norte-americanas em 25 países. O comandante desta base é o general Tommy Franks, o atual responsável pelas tropas que lutam no Iraque.
Anteontem à noite, a mãe de um dos soldados norte-americanos prisioneiros no Iraque fez um apelo público a Bush para que o presidente tirasse o seu filho de lá.
As imagens de Anecita Hudson, do Novo México, pedindo ajuda a seu filho Joseph, 23, foram ao ar na noite de anteontem nos principais telejornais do país.
Ontem, o porta-voz da Presidência dos EUA, Ari Fleischer, disse que "o coração do presidente Bush está junto daqueles que estão servindo o país na guerra, dos que estão desaparecidos e dos que foram capturados".
A TV americana continuou ontem com a mesma política de não apresentar as imagens reproduzidas pela TV Al Jazeera de prisioneiros norte-americanos sendo interrogados por iraquianos.
O pedido para que as imagens não fossem ao ar partiu do secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld.


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