São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / DISPUTA DEMOCRATA

Hillary quer Greenspan de volta; Obama discorda

Rivais democratas mantêm onda de ataques mútuos após descanso na Páscoa

Analista diz que candidato republicano pode ser maior beneficiário da troca de acusações; John McCain lidera simulação de voto

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Os presidenciáveis Hillary Clinton e Barack Obama voltaram do domingo de Páscoa, quando ambos suspenderam suas campanhas, com disposição para manter acesa a troca de acusações na disputa pela indicação do candidato do Partido Democrata à presidência.
Ontem, as farpas vieram dele contra o discurso em que a senadora propôs medidas para atenuar os efeitos da crise econômica no país. O porta-voz de Obama colocou em xeque as falas da candidata.
No discurso, de manhã, Hillary defendeu a criação de um comitê de emergência para gerir a crise, trazendo de volta ao governo nomes como o ex-presidente do Fed (o BC americano) Alan Greenspan. Também defendeu um fundo de US$ 30 bilhões (mesmo valor da linha de crédito aberta na semana passada para o banco JPMorgan adquirir o Bear Stearns) para ajudar os 9 milhões de americanos que correm risco de perder suas casas por não terem como pagar hipotecas.
"Na semana passada, nós vimos ações inéditas para manter a confiança em nosso mercado de crédito frente à crise dos bancos de Wall Street. É hora agora de ações igualmente agressivas para ajudar famílias a evitar execuções de hipotecas", disse Hillary, em discurso na Universidade da Pensilvânia, Estado que promove primárias no dia 22 de abril.
O porta-voz de Obama, Bill Bourton, disse que o comando de crise não deve ter "as mesmas pessoas que criaram esses problemas", referindo-se em especial a Greenspan. Atacou também os laços de Hillary Clinton com grandes companhias -"mais claramente mostradas no dinheiro que levantou com elas por meio de comitês de arrecadação e lobistas".
"Obama tenta fortemente desconstruir a experiência, trunfo de Hillary, mas isso pode ser perigoso para ele, que mostra que sabe que ela ainda é uma forte candidata", afirma Thomas Patterson, analista político de Harvard. "Os dois candidatos estão usando a mesma estratégia: quando um ganha espaço na mídia, o outro corre para ganhar também. Isso pode desgastar o Partido Democrata e acabar sendo ruim para os dois", diz Patterson.
O candidato republicano, John McCain, que já garantiu a indicação do seu partido, está à frente de Hillary e de Obama na média das pesquisas que simulam a intenção de voto em 4 de novembro.


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