|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cuba descentralizará produção agrícola
Decisões sobre uso da terra e venda de produtos serão encaminhadas por escritórios locais do Ministério da Agricultura
Pasta é reformulada para levar em conta interesses de produtores particulares e cooperativas; venda de insumos já foi liberada
DA REUTERS, EM HAVANA
Depois de permitir a venda
direta de insumos e ferramentas, o governo comunista de
Cuba caminha para a descentralizar o setor agrícola dominado pelo Estado, com a reformulação de escritórios estatais
locais e mais atenção a pequenos produtores privados.
Agricultores relatam que têm
sido informados, em reuniões
em todo o país, de que decisões
sobre uso da terra e venda de
produtos não serão mais prerrogativa exclusiva do Ministério da Agricultura em Havana.
Escritórios locais da pasta estão sendo reformulados para
levar mais em conta os produtores privados e cooperativas.
O incentivo à iniciativa privada, dizem estudiosos da ilha, visa aumentar a produção de alimentos, prioridade de Raúl
Castro desde que chegou ao poder em julho de 2006. O governo gastou em 2007 US$ 286
milhões adicionais para importar alimentos (gasto total de
US$ 1,5 bilhão), num contexto
mundial de inflação.
"Isso representa a maior mudança de um esquema vertical
de produção em direção a um
horizontal e uma mudança na
mentalidade burocrática nacional para um foco territorial",
diz um especialista local, que,
como outros entrevistados, pediu para não ser identificado.
"Eles estão reconhecendo o papel dos produtores privados
que, com apenas uma fração
das terras, são responsáveis por
70% da produção."
Poucos analistas da ilha esperam reformas drásticas no
modelo político e econômico
de Cuba sob Raúl Castro, que,
com a renúncia de Fidel, foi ratificado no cargo de presidente
do Conselho de Estado.
Mas o próprio dirigente tem
contribuído para aumentar, em
discursos, as expectativas da
população quanto a atender às
"necessidades básicas materiais e espirituais".
Computadores
Nas últimas semanas, o governo anunciou a liberação da
venda, em lojas que trabalham
com divisas, de DVDs e computadores, que estavam sob restrição devido à carência energética. O decreto foi publicado
ontem e passa a valer a partir de
1º de abril. O chanceler Pérez
Roque também sinalizou com a
flexibilização das normas para
viagens ao exterior.
Num discurso no ano passado, na Província agrícola de Camaguey, Raúl Castro defendeu
mudanças "estruturais" na
agricultura. As declarações repercutiram nos debates promovidos pelo governo no país,
quando a quantidade insuficiente de alimentos -e da ração mensal subsidiada pelo governo por meio das "libretas"-
foi identificada como um dos
principais problemas econômicos e sociais da ilha.
"O que está acontecendo é
que os fazendeiros estão propondo coisas nestas reuniões,
estão se sentindo ouvidos e está
havendo resposta", diz um dirigente de uma cooperativa agrícola em Camagüey.
Em Cuba, há cerca de 250 mil
famílias ligadas à agricultura e
1.100 cooperativas privadas
-uma ilha de propriedade privada numa economia 90% estatal-, mas, juntos, eles cultivam apenas um terço das terras do país.
Texto Anterior: Irã: Teerã quer entrar para grupo que China lidera Próximo Texto: Competição: Fidel ataca trato de EUA a presos políticos Índice
|