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Trabalhistas e direita fazem acordo em Israel
Partido herdeiro dos fundadores do país decide integrar coalizão liderada por Netanyahu em troca de cinco ministérios
Manobra garante maioria para formar novo governo e ameniza os temores de gabinete só com siglas radicais contrárias à paz
DA REDAÇÃO
O Partido Trabalhista israelense (centro-esquerda) decidiu ontem, em votação interna,
aceitar o convite do virtual premiê, Binyamin Netanyahu, para integrar uma coalizão de governo dominada por siglas direitistas.
No pacto com o Likud, de Netanyahu, os trabalhistas se
comprometem a somar as 13
cadeiras obtidas nas legislativas de fevereiro às 51 que o líder
direitista havia angariado até
então, incluindo as dos partidos aliados Israel Beitenu (ultradireitista) e Shas (religioso).
A base de Netanyahu tem
agora 66 das 120 cadeiras do
Knesset, o Parlamento unicameral, o que lhe garante a
maioria necessária para governar -o líder direitista tem dez
dias para buscar mais assentos.
O apoio dos trabalhistas põe
fim ao cenário de incertezas
causado pelo resultado apertado das eleições de fevereiro, nas
quais o Likud obteve menos cadeiras do que o centrista Kadima, da atual chanceler Tzipi
Livni (27 a 28 cadeiras). Mas,
por ter mais promessas de
apoio, Netanyahu foi incumbido pelo presidente Shimon Peres de formar um governo.
Além de selar a volta do direitista ao cargo de premiê, que já
ocupou entre 1996 e 1999, a entrada dos trabalhistas no gabinete atende ao objetivo estratégico de apaziguar os EUA, que
temiam a composição de um
governo só com partidos refratários às atuais negociações
com os palestinos.
Netanyahu rejeita a solução
de dois Estados, que norteia as
conversas de paz desde os
Acordos de Oslo, de 1993.
Já o Israel Beitenu defendeu
na campanha a adoção de um
compromisso de lealdade ao
Estado judeu por parte dos cidadãos árabes israelenses.
O acordo assinado ontem é
vago em relação ao diálogo com
os palestinos e se limita a destacar um "compromisso com
acordos anteriores".
Garantias sociais
Mas a inclusão no gabinete
de uma sigla como o Partido
Trabalhista serve, ao menos retoricamente, como um sinal de
abertura ao diálogo com os vizinhos árabes. Em troca, os trabalhistas obtiveram cinco ministérios -entre os quais os da
Indústria e da Agricultura- e
garantias de que o governo terá
uma agenda social para a população mais pobre.
A decisão dos trabalhistas foi
tomada em meio a tumultuada
votação interna, em um salão
de conferências de Tel Aviv, na
qual 680 quadros dirigentes do
partido aprovaram a adesão ao
gabinete e 507 a rejeitaram.
O líder do partido, o ex-premiê (1999-2001) Ehud Barak,
continuará sendo ministro da
Defesa, cargo que ocupa no
atual gabinete interino, chefiado por Ehud Olmert.
Barak sustentou que a entrada no governo de Netanyahu
era crucial para a sobrevivência
do Partido Trabalhista, herdeiro político dos fundadores do
país, criado em 1948.
Membro da Internacional
Socialista, a sigla governou durante as três primeiras décadas
que sucederam a criação do Estado judeu. Mas a agremiação
obteve nas últimas legislativas
seu pior resultado da história e
corre o risco de se desintegrar
por causa das brigas internas.
Barak fez ontem um apelo
pela união dos trabalhistas e
prometeu não se curvar indiscriminadamente às decisões
tomadas por Netanyahu, de
quem é rival histórico.
"Não tenho medo de Binyamin Netanyahu. Nós seremos
um contrapeso que irá garantir
que não tenhamos um governo
de direita radical", disse Barak.
Com agências internacionais
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