São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Insurgentes usam até barcos e matam mais de 50; número de militares americanos mortos chega a 109 em abril

Ataques matam 7 dos EUA e dezenas de civis

DA REDAÇÃO

Uma série de explosões em várias cidades iraquianas, incluindo um ataque por mar ao terminal petrolífero de Basra, matou ontem mais de 50 pessoas, entre elas sete militares norte-americanos e quatro policiais iraquianos.
Vários foguetes foram lançados contra o bairro xiita de Sadr City, em Bagdá, atingindo um mercado, destruindo casas e matando ao menos 13 civis iraquianos. Nas cercanias de Bagdá, insurgentes atacaram uma base militar americana com foguetes e mataram cinco soldados.
Os insurgentes fizeram também um ataque suicida com barcos no porto de Basra, matando dois marinheiros americanos e ferindo ao menos mais quatro.
Ao menos 12 iraquianos morreram em outros ataques dos insurgentes. Houve um atentado com carro-bomba em Tikrit (que matou os policiais iraquianos), enfrentamentos entre soldados poloneses e milicianos xiitas em Karbala e ações militares americanas em Sadr City.
Perto de Iskandariya (50 km ao sul de Bagdá), uma bomba no acostamento de uma estrada matou ao menos 14 iraquianos e feriu outros 12 que estavam em um ônibus que se dirigia a Bagdá, informou o médico Abbas Wissan al Shamari. Esse atentado não foi confirmado por fontes oficiais.
Cinco militares americanos foram mortos quando dois foguetes atingiram uma base americana em Taji, de acordo com o tenente-coronel Sam Hudspath. Helicópteros militares americanos destruíram, em seguida, o caminhão em que estavam os insurgentes, matando cinco pessoas, ainda segundo Hudspath.
Seis soldados ficaram feridos nesse ataque. Três deles estavam em estado crítico, segundo fontes militares. Durante o regime do ex-ditador Saddam Hussein, Taji (20 km ao norte de Bagdá) abrigava uma grande base da Força Aérea iraquiana.
Outra baixa americana foi um marine, que morreu após ficar dez dias hospitalizado. Ele fora ferido em confrontos na Província de Anbar, em 14 de abril.

Sadr City
Na madrugada de ontem, forças americanas atacaram locais ocupados por supostos insurgentes em Sadr City, no leste de Bagdá, o que provocou uma "batalha" na qual morreram dois iraquianos, segundo militares americanos. No enfrentamento, três meninas iraquianas ficaram gravemente queimadas quando uma bomba explodiu em seu quarto.
Horas mais tarde, vários foguetes foram lançados contra um mercado de Sadr City, uma espécie de favela onde vivem cerca de 1 milhão de pessoas. Um deles atingiu um local de grande movimentação, deixando ao menos sete mortos e 38 feridos, segundo fontes hospitalares. Posteriormente, outras bombas foram lançadas contra Sadr City e atingiram uma casa, matando uma mulher e ferindo gravemente sua filha.
Não ficou claro quem estava por trás dos ataques a Sadr City, que é um reduto do Exército Mehdi, espécie de milícia liderada pelo clérigo xiita radical Moqtada al Sadr.

Por mar
Em Basra, houve o primeiro ataque marítimo a instalações petrolíferas desde o início da ocupação do Iraque. Os insurgentes usaram dois barcos-bomba.
Uma embarcação norte-americana tentou interceptar um barco que se aproximava do terminal portuário, localizado no norte do golfo Pérsico e responsável por grande parte das exportações de petróleo do país. O barco explodiu, matando dois marinheiros americanos e ferindo ao menos mais quatro. Aproximadamente 20 minutos depois, outro barco explodiu nas proximidades do porto, que foi fechado.
A morte dos dois marinheiros em Basra, dos cinco soldados em Bagdá e a do fuzileiro naval elevou para 109 o número de mortos entre as forças americanas desde o início de abril. Desde março do ano passado, 715 militares americanos morreram no Iraque.
O Pentágono anunciou, anteontem, que 595 soldados americanos foram feridos nos últimos 15 dias, elevando para 3.864 o número de militares feridos em combate desde o início do conflito.
Ainda anteontem, Lakhdar Brahimi, enviado especial da ONU, afirmou que os 25 membros do Conselho de Governo Iraquiano, que foram escolhidos pelos EUA, deveriam ser excluídos do governo interino, que, se o cronograma for mantido, deverá assumir o poder em menos de três meses.
Segundo Brahimi, um grupo de "tecnocratas" deverá governar o país, enquanto os 25 membros do Conselho de Governo Iraquiano deverão fazer campanha para as eleições, que estão marcadas para o final de janeiro do ano que vem.
Washington decidiu apoiar o plano de Brahimi para o Iraque. Segundo especialistas, as autoridades americanas esperam ganhar mais apoio da comunidade internacional ao abrir mão de parte do poder no Iraque. No entanto, de acordo com os mesmos especialistas, os EUA manterão o controle militar, já que têm mais de 100 mil soldados no país.


Com agências internacionais


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