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Senado do Paraguai aprova estado de exceção
Medida que visa facilitar perseguição a guerrilha deverá ser promulgada pelo presidente Lugo, autor do pedido original
Regime de urgência valerá por 30 dias e atingirá cinco departamentos do país; as garantias constitucionais ficam suspensas no período
DA REDAÇÃO
O Senado paraguaio aprovou
ontem o decreto de estado de
exceção em cinco departamentos (Estados) do país. O texto já
havia passado pela Casa, mas
teve de voltar depois de sofrer
algumas alterações na Câmara.
Os senadores debateram por
cerca de uma hora antes de votar. O opositor Hugo Estigarribia foi o único contrário, por
julgar a lei inconstitucional.
O projeto, agora, será encaminhado ao presidente Fernando Lugo, que, segundo o assessor jurídico da Presidência
Emilio Camacho, analisará as
mudanças realizadas para, daí,
promulgar o decreto. Ontem à
tarde, Lugo convocou reunião
ministerial para discutir o regime, que entrará em vigor imediatamente após sua sanção.
O pedido pelo regime de urgência foi feito pelo próprio Lugo após a morte de quatro pessoas -sendo ao menos um policial-, na última quarta, numa
emboscada atribuída ao grupo
esquerdista EPP (Exército do
Povo Paraguaio), acusado de ligação com as Farc. Segundo o
presidente, o estado de exceção
facilitará a perseguição aos autores da chacina. O EPP não se
pronunciou sobre o crime.
O regime de exceção aprovado atinge os departamentos vizinhos Alto Paraguai, Concepción, Amambay -que faz fronteira com o Brasil-, San Pedro
-berço de Lugo- e Presidente
Hayes, todos ao norte da capital
Assunção, suspendendo garantias constitucionais por 30 dias
prorrogáveis por mais 30 -originalmente, Lugo pedira que o
estado de exceção durasse 60.
Conforme a legislação aprovada, os militares estão autorizados a usar equipamentos de
guerra na busca pelos criminosos. Além disso, todas as pessoas que forem presas ou que
tiverem a sua prisão decretada
sob o estado de exceção ficam
proibidas de deixar o país.
O texto aprovado afirma, em
seu primeiro artigo, que os cinco departamentos citados passam por uma "grave comoção"
devido à ação de grupos criminosos que "põem em iminente
perigo o funcionamento regular dos órgãos constitucionais,
bem como a preservação da vida, da liberdade e dos direitos".
"Juridicamente não corresponde [o estado de exceção],
porque é uma figura para casos
extremos. Mas isso é o de menos porque existe uma intenção política de dar tranquilidade aos cidadãos", disse o deputado Oscar Tuma (Unace).
Embora tenham apoiado a
medida, os senadores opositores Alfredo Luis Jaeggli, Julio
Velázquez e Juan Carlos Galaverna, ressaltaram, pouco antes da votação, que, esgotado o
prazo, ficam esgotadas também
as "desculpas" de Lugo em relação à violência. Para eles, se em
30 dias não houver avanço nas
investigações e no combate ao
EPP, Lugo deverá ser submetido a um processo de impeachment por má administração do
Estado, conforme informações
do site UltimaHora.com.
Ontem, o Ministério do Interior aguardava apenas a sanção
do decreto para lançar uma
ofensiva contra um acampamento que seria do EPP.
Facção do PPL, Partido Pátria Livre, que não possui representação no Congresso, o
EPP é acusado pela Procuradoria do país de pelo menos quatro sequestros ocorridos desde
2001, incluindo o do fazendeiro
Fidel Zavala, solto em janeiro
após 94 dias de cativeiro. O grupo esquerdista também é culpado por uma explosão contra
um prédio do governo e por
ataques a delegacias.
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