São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 2011

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Papa pede que Europa acolha refugiados

Em oração da Páscoa, Bento 16 diz que europeus devem "abrir seus corações" para imigrantes norte-africanos

Apelo surge em meio a atritos políticos gerados pela chegada maciça de clandestinos fugidos da crise no mundo árabe

"Osservatore Romano"/Reuters
Bento 16 em discurso proferido diante de 100 mil pessoas reunidas na Praça São Pedro, no Vaticano, centro de Roma

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O papa Bento 16 pediu ontem, durante a celebração da Páscoa, que a Europa acolha com generosidade os milhares de imigrantes ilegais que fogem das atuais turbulências na África do Norte.
O apelo, feito diante de 100 mil pessoas que lotaram a Praça São Pedro, no Vaticano, surge depois que a entrada de clandestinos vindos principalmente da Tunísia gerou atritos políticos na Europa e sinais de hostilidade de parte da população.
"Que as pessoas de boa vontade abram os seus corações e os recebam, para que as necessidades urgentes de tantos irmãos e irmãs tenham resposta, num espírito de solidariedade", afirmou o papa em sua sexta celebração da Páscoa.
"Que a ajuda venha de todos os lados para aqueles que estão fugindo dos conflitos e para os refugiados de vários países da África que tiveram de deixar tudo o que amavam para trás", disse.
A população da ilha italiana de Lampedusa, situada a 165 km da Tunísia e que tem sido porta de entrada dos clandestinos africanos, protestou várias vezes exigindo mais rigor para impedir a chegada dos imigrantes.
A Itália reclama de ter sido abandonada pelos parceiros da União Europeia (UE), tendo que lidar sozinha com o problema.
O governo italiano concedeu vistos temporários a muitos tunisianos que, em virtude dos acordos de Schengen sobre livre circulação de pessoas, passaram a querer ir à França, atraídas pela familiaridade com a língua -a Tunísia foi colônia francesa até 1956.
Autoridades francesas reagiram fechando sua fronteira a trens italianos nos quais havia imigrantes. Paris cogita agora suspender temporariamente o acordo de Schengen, sob alegação de que há uma "falha sistêmica" nas fronteiras do bloco europeu.
Críticos dizem que a suspensão do acordo Schengen, de 1985, violaria a ideia central da criação da UE.
A disputa sobre como tratar a imigração será o tema central das conversas que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, terá com o premiê italiano, Silvio Berlusconi, amanhã em Roma.

LÍBIA
Bento 16 também pediu que a diplomacia se sobreponha aos combates entre governistas e rebeldes na Líbia, que se arrastam há três meses, para permitir a chegada da ajuda humanitária às populações civis atingidas.
O domingo de Páscoa, quando os cristãos celebram a ressurreição de Cristo depois da crucificação, acontece uma semana antes da beatificação do papa João Paulo 2º, um evento que deve atrair centenas de milhares de pessoas ao Vaticano (Roma).


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