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Casa Branca evita dar apoio explícito a Uribe
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Pressões do Congresso e divergências no Departamento de Estado impedem que a Casa Branca
manifeste apoio público dos EUA
a Alvaro Uribe, o candidato à Presidência da Colômbia mais adaptado ao discurso antiterror do
presidente George W. Bush.
Com sua promessa de esmagar
os guerrilheiros das Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional), Uribe propõe
o alinhamento total da política interna colombiana ao conjunto de
princípios de política externa dos
EUA pós-11 de setembro.
Apesar da identidade retórica
entre o candidato e Bush, parlamentares americanos demonstram preocupação com alegações
de que Uribe teria vínculos com as
forças paramilitares. Eles temem
que um apoio aberto ou tácito da
Casa Branca a Uribe seja entendido por esses grupos como sinal
verde às suas operações.
"Essas alegações perseguem
Uribe desde quando governou o
Departamento de Antioquia, onde patrulhas civis teriam tido liberdade total para lutar contra a
guerrilha e possivelmente tiveram
ajuda das forças do Estado", disse
à Folha Daniel Mack, assessor do
Interamerican Dialogue, centro
de pesquisas em Washington.
Essas preocupações são relevantes porque Bush depende do
Congresso para aprovar a ampliação do Plano Colômbia, para o
qual Washington colabora com
R$ 1,3 bilhão.
Os textos autorizariam Bogotá a
combater os rebeldes usando as
mesmas armas e recursos fornecidos pelos EUA contra o narcotráfico. Vários parlamentares condicionam a aprovação à garantia de
que a Casa Branca pressionará a
Colômbia a combater também os
paramilitares.
Além das restrições do Congresso, existe uma divisão dentro
do próprio Departamento de Estado, no qual algumas autoridades responsáveis pela América
Latina continuam a preferir o diálogo e discordam dos métodos radicais propostos por Uribe para
pôr fim à guerrilha.
"Presume-se que o secretário de
Estado, Colin Powell, seja o líder
desse grupo de moderados", disse
Michael Shifter, do Interamerican
Dialogue. "Já outros setores no
Departamento de Estado e o comando do Departamento de Defesa preferem a plataforma de
Uribe."
Devido a essas restrições, a Casa
Branca segue uma posição cautelosa, embora tenha elogiado recentemente os políticos colombianos que, como Uribe, classificam os rebeldes como terroristas.
Os EUA enviaram à Colômbia o
subsecretário de Estado para assuntos hemisféricos, Phillip Chicola. Após encontros com Uribe e
seu principal adversário, o liberal
Horacio Serpa (centro), ele negou
que seu governo esteja apoiando
algum candidato.
"Acreditamos que quem quer
que o povo colombiano escolha
como mandatário vai ser um bom
amigo dos EUA", disse Chicola.
Segundo ele, o passado de Serpa
-coordenador da campanha
eleitoral e ministro de Ernesto
Samper (1994-1998), acusado de
ter recebido doações do narcotráfico- não o desqualifica.
"Estamos absolutamente seguros de que, se o povo o escolher, a
amizade entre os EUA e a Colômbia vai continuar", disse.
"O vínculo de Serpa com Samper atrapalha um pouco sua credibilidade", afirmou o analista
Shifter. "No entanto ele se empenhou muito para viabilizar o Plano Colômbia, e o Departamento
de Estado reconhece isso."
Mack e Shifter lembram que o
próprio Uribe já foi acusado de ligações com o narcotráfico.
Segundo eles, os EUA aprenderam a não depositar todas as suas
fichas num único político colombiano, devido às zonas cinzentas
que separam o mundo institucional do mundo do narcotráfico e
dos grupos armados ilegais.
Colaborou Rogerio Wassermann
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