São Paulo, sexta-feira, 25 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Israel prende 33 líderes do Hamas, incluindo ministro

Entre os detidos também há três prefeitos e três deputados do grupo radical

Governo israelense diz que objetivo é forçar trégua em conflito que já matou mais de 50; palestinos afirmam que ataques prosseguirão

Sebastian Scheine/Associated Press
Israelenses fazem manifestação em Sderot, cidade mais atingida pelos foguetes do Hamas


DA REDAÇÃO

Forças de segurança israelenses prenderam na madrugada de ontem, na Cisjordânia, 33 dirigentes do Hamas, grupo radical islâmico que tem a maioria das cadeiras no Parlamento palestino. Entre os detidos está o ministro da Educação, Naser al Shaer, além de três deputados e três prefeitos.
O objetivo das prisões, segundo o ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, é forçar o Hamas a suspender a onda de ataques que tem feito, nos últimos dez dias, contra o território israelense. Esses ataques têm sido respondidos por Israel com bombardeios na faixa de Gaza. Os confrontos já deixaram mais de 50 mortos, sendo um deles uma israelense.
"É melhor prender os líderes [do Hamas], assim talvez possamos forçar um cessar-fogo, em vez de deixar a região [de Gaza] mergulhar num conflito generalizado", afirmou Peretz.
Porém, o sucesso da tática não parece certo. Além de os ataques de lado a lado terem prosseguido ontem -sem mortes-, Sami Abu Zuhri, um membro do gabinete do Hamas, afirmou que "foguetes serão disparados enquanto continuar a agressão sionista ao nosso povo". Os foguetes são referência às armas que os palestinos têm usado contra Israel, foguetes caseiros Qassam disparados a partir da faixa de Gaza.
Em uma reunião anteontem com o premiê palestino, Ismail Haniyeh, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, tentou negociar um cessar-fogo, mas líderes do Hamas disseram que só suspenderiam a ofensiva se Israel o fizesse simultaneamente e se a trégua se estendesse à Cisjordânia, além de Gaza.
Sobre as prisões de ontem, Abbas, que é líder do partido moderado Fatah, afirmou que atrapalham o processo de paz. Já Haniyeh, do Hamas, exigiu a libertação dos detidos e apelou à ONU e à União Européia que adotem sanções contra Israel.
A prisão de líderes palestinos ligados ao Hamas é uma estratégia que Israel já havia adotado, em 2006, após o seqüestro de um soldado na faixa de Gaza. Dos governantes palestinos detidos então, 40 parlamentares ainda não foram soltos.

Não funciona
O espanhol Javier Solana, chefe da diplomacia da União Européia, esteve ontem em Gaza, onde se encontrou com Mahmoud Abbas.
Além de pedir que tanto os palestinos quanto Israel suspendam os ataques, ele declarou que o governo palestino, uma união entre o Hamas e o Fatah que se forjou há dois meses, ainda não está "funcionando" e, portanto, experimenta dificuldades para conter a violência entre seus milicianos.
Já o novo enviado especial da ONU ao Oriente Médio, Michael Williams, expressou preocupação com as prisões feitas por Israel, particularmente a do ministro da Educação. Williams disse ainda que se deveria considerar o envio de uma força internacional de paz a Gaza -idéia essa já rechaçada anteriormente por Israel.
A prisão do ministro palestino Naser al Shaer também provocou reação dos EUA. O Departamento de Estado expressou preocupação com o caso, mas afirmou que Israel tem o direito de se defender.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Europa: Com economia crescendo, Irlanda escolhe novo governo
Próximo Texto: Líbano: Premiê diz que "extirpará" os islâmicos palestinos cercados
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.