São Paulo, segunda-feira, 25 de maio de 2009

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Netanyahu rejeita parar colônias na Cisjordânia

Declaração contraria pressão de Washington pelo fim dos assentamentos judaicos

Premiê israelense diz ainda manter "algumas reservas" sobre a criação de um Estado palestino; Síria acusa Israel de ser obstáculo para a paz

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, rechaçou ontem a pressão do governo dos EUA para que seu país interrompa o assentamento de judeus na Cisjordânia. Também afirmou "não aceitar limitações para construir" em Jerusalém, que Israel considera sua capital.
"O pedido de uma parada total para construir não é algo que possa ser justificado e que alguém aqui nesta mesa aceite", declarou Netanyahu, dirigindo-se a seu gabinete.
Na segunda passada, ele se encontrou em Washington com o presidente Barack Obama, que lhe pediu a suspensão dos assentamentos.
Netanyahu também expressou "reservas" quanto à existência de um Estado palestino. "Claramente, devemos manter algumas reservas sobre um Estado palestino. Essas coisas foram claramente expostas ao presidente [Obama] em Washington", disse.
Foi a primeira vez que Netanyahu falou sobre essa questão desde que assumiu o governo, em 31 de março, após o triunfo de seu partido, o Likud (direita), nas eleições legislativas de fevereiro passado.

Economia forte
O premiê defende que é preciso fortalecer a economia da Cisjordânia antes de iniciar negociações sobre um eventual Estado palestino.
Em junho, durante encontro no Cairo, Obama deverá instar Netanyahu e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, a retomarem as conversações de paz.
Obama tem surpreendido Israel com seu ativismo quanto à questão dos assentamentos, mas, segundo fontes ocidentais e israelenses, ainda não está claro quanta pressão ele de fato colocará sobre Netanyahu.
Quando presidente, George W. Bush já havia pedido a suspensão das construções, mas elas prosseguiram em grande parte sem controle.
Cerca de 500 mil judeus vivem em assentamentos erguidos na Cisjordânia e no leste de Jerusalém.
A área dos assentamentos engloba o leste da cidade, de maioria árabe, e partes da Cisjordânia obtidas durante a Guerra dos Seis Dias (1967).
Os EUA e a União Europeia os consideram obstáculos à paz. Já os palestinos os veem como um modo de negar-lhes um Estado na Cisjordânia e na faixa de Gaza.
Mark Regev, porta-voz de Netanyahu, afirmou que o destino dos assentamentos deveria ser decidido em negociações com os palestinos. "Enquanto isso, temos que fazer com que a vida normal prossiga nessas comunidades", declarou.

"Obstáculo à paz"
Anteontem, o ditador sírio Bashar Assad havia afirmado durante a abertura da Organização da Conferência Islâmica, em Damasco, que Israel é "o maior obstáculo" à paz no Oriente Médio. Ele também disse que o fracasso nas negociações de paz abriria caminho para um aumento da resistência nas terras ocupadas.
Na semana passada, Netanyahu afirmara que Tel Aviv quer dialogar imediatamente e sem precondições com a Síria. A declaração fora dada após a reunião com Obama.
Esse foi o primeiro aceno à Síria dado pelo líder de Israel, desde que assumiu o poder.
No ano passado, Damasco e Tel Aviv conduziram negociações de paz mediadas pela Turquia. Mas a Síria suspendeu as conversações após o ataque de Israel à faixa de Gaza.


Com agências internacionais


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