São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2004

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EUA

Caso é de vazamento do nome de espiã; presidente fala ao lado de advogado

Bush depõe por 70 minutos sobre escândalo na CIA

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, foi interrogado ontem por promotores federais que estão investigando a origem do vazamento da identidade de uma espiã da CIA, o serviço secreto americano.
Bush foi interrogado durante 70 minutos pelo promotor Patrick Fitzgerald e membros de sua equipe. O presidente foi acompanhado durante seu depoimento no Salão Oval por seu advogado particular Jim Sharp.
"O vazamento de informação reservada é uma questão muito séria. Ninguém quer chegar mais ao fundo desse assunto do que o presidente dos Estados Unidos", disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan.
A investigação pretende descobrir quem revelou o nome da espiã Valerie Plame para o jornalista Robert Novak em julho de 2003. O vazamento da identidade de agentes da CIA pode constituir um crime federal, punível com até dez anos de prisão.
Bush não é visto como um dos suspeitos, mas poderá se tornar uma testemunha se os investigadores concluírem que ele tinha informações sobre os eventos que deslancharam o caso.
Plame é casada com o diplomata Joseph Wilson, ex-embaixador dos EUA no Iraque que fez muitas críticas às políticas do governo Bush para o país do Oriente Médio. Wilson também se manifestou abertamente contra as declarações que Bush fez, no começo do ano passado, de que o regime de Saddam Hussein havia tentado comprar urânio na África.
A imprensa americana aventou em diversas oportunidades que a quebra do anonimato de Plame teria sido uma manobra para atingir Wilson. Entre os possíveis responsáveis pela ação citados em reportagens estavam os nomes do principal conselheiro político de Bush, Karl Rove, e do chefe-de-gabinete do vice-presidente Dick Cheney, Lewis Libby. Os dois negam a acusação.
Quando questionado se o presidente havia respondido a todas as questões apresentadas a ele, McClellan disse que Bush "estava contente por repartir qualquer informação que tivesse". Sobre se o presidente tinha alguma informação a respeito do responsável pelo vazamento, o porta-voz afirmou que tais perguntas deveriam ser feitas aos investigadores.
O simples fato de o presidente ser interrogado para uma investigação sobre um possível crime já constitui um evento bastante raro. Quase tão incomum é um evento na agenda do presidente, sempre carregada, estender-se por 70 minutos.
O promotor Fitzgerald não quis fazer comentários sobre o encontro com Bush. No entanto especialistas que acompanham o caso afirmaram que a realização do interrogatório pode indicar que a investigação esteja perto do fim.


Com agências internacionais e o jornal "The New York Times"


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