São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2007

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Irã lança ofensiva contra dissidentes

Pressão e prisões atingem universidades, imprensa, ativistas e iranianos-americanos

Chefe de polícia afirma ter detido 150 mil em ofensiva contra trajes considerados não-islâmicos; contexto é de dificuldades econômicas


NEIL MACFARQUHAR
DO "NEW YORK TIMES"

O Irã está no auge de uma das mais violentas ofensivas contra dissidentes dos últimos anos. Vêm sendo visados lideranças trabalhistas, universidades, imprensa, defensores dos direitos das mulheres, um ex-negociador nuclear e iranianos-americanos, três dos quais estão presos já há mais de seis semanas.
A mudança ocorre num contexto econômico de dificuldades. Apesar de o Irã ser o segundo maior exportador de petróleo do mundo, está no limiar de racionar gasolina. E a disputa com o Ocidente em torno do programa nuclear ameaça o país com novas sanções .
A administração linha-dura do presidente Mahmoud Ahmadinejad vem enfrentando pressões crescentes por não cumprir suas promessas de propiciar mais riqueza por conta da alta do petróleo. Usa a possibilidade de um ataque militar como pretexto para perseguir a oposição e simpatizantes.
Alguns analistas descrevem a situação como uma "revolução cultural", uma tentativa de fazer o relógio correr para os tempos da revolução de 1979, quando a então recém-fundada república islâmica combinava zelo religioso com a retórica antiimperialista para consolidar-se como liderança regional.
A mídia iraniana não pode discutir essas questões. Volta todas as suas atenções para os inimigos políticos de Ahmadinejad, como o ex-presidente Mohammad Khatami, e a polêmica sobre se ele violou a moral islâmica ao apertar a mão de uma mulher em Roma.
Não é só. O chefe de polícia afirma ter prendido 150 mil na ofensiva contra vestimentas não-islâmicas. Mais de 30 defensores de direitos das mulheres foram presos num único dia de março. Cinco deles já foram acusados de ameaçar a segurança por organizar campanha pela revogação das leis discriminatórias contra as mulheres.
Três iranianos-americanos estão sendo mantidos presos numa ala controlada pelo Ministério da Inteligência, sem direito a visita de advogados.


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