|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Irã lança ofensiva contra dissidentes
Pressão e prisões atingem universidades, imprensa, ativistas e iranianos-americanos
Chefe de polícia afirma ter detido 150 mil em ofensiva contra trajes considerados não-islâmicos; contexto é de dificuldades econômicas
NEIL MACFARQUHAR
DO "NEW YORK TIMES"
O Irã está no auge de uma das
mais violentas ofensivas contra
dissidentes dos últimos anos.
Vêm sendo visados lideranças
trabalhistas, universidades, imprensa, defensores dos direitos
das mulheres, um ex-negociador nuclear e iranianos-americanos, três dos quais estão presos já há mais de seis semanas.
A mudança ocorre num contexto econômico de dificuldades. Apesar de o Irã ser o segundo maior exportador de petróleo do mundo, está no limiar de
racionar gasolina. E a disputa
com o Ocidente em torno do
programa nuclear ameaça o
país com novas sanções .
A administração linha-dura
do presidente Mahmoud Ahmadinejad vem enfrentando
pressões crescentes por não
cumprir suas promessas de
propiciar mais riqueza por conta da alta do petróleo. Usa a
possibilidade de um ataque militar como pretexto para perseguir a oposição e simpatizantes.
Alguns analistas descrevem a
situação como uma "revolução
cultural", uma tentativa de fazer o relógio correr para os
tempos da revolução de 1979,
quando a então recém-fundada
república islâmica combinava
zelo religioso com a retórica
antiimperialista para consolidar-se como liderança regional.
A mídia iraniana não pode
discutir essas questões. Volta
todas as suas atenções para os
inimigos políticos de Ahmadinejad, como o ex-presidente
Mohammad Khatami, e a polêmica sobre se ele violou a moral
islâmica ao apertar a mão de
uma mulher em Roma.
Não é só. O chefe de polícia
afirma ter prendido 150 mil na
ofensiva contra vestimentas
não-islâmicas. Mais de 30 defensores de direitos das mulheres foram presos num único dia
de março. Cinco deles já foram
acusados de ameaçar a segurança por organizar campanha
pela revogação das leis discriminatórias contra as mulheres.
Três iranianos-americanos
estão sendo mantidos presos
numa ala controlada pelo Ministério da Inteligência, sem direito a visita de advogados.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Iraque: Primo de Saddam, "Ali Químico" é condenado à forca Índice
|