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Congresso dos EUA impõe sanções ao Irã
Pacote, que ainda precisa de aval de Obama, visa setores de energia e finanças, poupados em resolução da ONU
Texto, porém, dá brecha para isentar a Rússia e a China, que apoiaram os EUA na ONU, mas têm negócios com Teerã
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
O Congresso dos Estados
Unidos aprovou ontem sanções ainda mais duras contra
o Irã, aumentando a pressão
para que o país persa suspenda o seu programa nuclear.
A legislação pune empresas estrangeiras que contribuam com a indústria de
energia iraniana e também
bancos que façam negócios
com a Guarda Revolucionária iraniana -o braço militar
do regime- ou com instituições que constam de uma
"lista negra".
O novo pacote passou ontem rapidamente pelo Senado, onde foi aprovado por
unanimidade, e, na sequência, pela Câmara. O texto ainda precisa ser assinado pelo
presidente americano, Barack Obama.
"Quando essas sanções virarem lei, elas ampliarão as
sanções multilaterais aprovadas pelas Nações Unidas
[no último dia 9] e as novas
sanções que a União Europeia está discutindo", afirmou o senador Harry Reid, líder da maioria democrata.
NEGOCIAÇÃO
A versão aprovada ontem
por deputados e senadores
harmoniza textos que passaram antes por ambas as casas
do Congresso americano.
Alguns aspectos do documento final deixaram mais
brandas as sanções que tinham sido previstas pelo governo. O número de punições
a empresas que violarem a
lei, por exemplo, diminuiu.
A Casa Branca havia pedido ainda a isenção a países
que "cooperam" para pressionar o Irã. Em vez disso, o
que o governo Obama conseguiu foi incluir no texto a opção de abrir mão das punições caso a caso, se conseguir provar ao Congresso que
se trata de uma questão de
segurança nacional.
A brecha visa agradar Rússia e China, que apoiaram as
sanções a Teerã no Conselho
de Segurança da ONU -o
Brasil votou contra aquelas
sanções e dificilmente seria
hoje considerado um "país
cooperante".
O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, posicionou-se contra o uso desse direito. "Devemos implementar as sanções e fazê-lo
rapidamente, e não abrir
mão delas."
Mesmo com as mudanças,
as sanções unilaterais podem ser consideradas duras.
Além do cerco ao setor de
energia, elas preveem punição a empresas estrangeiras
que vendam ao Irã tecnologia para restringir ou monitorar o fluxo de informação.
Os bancos americanos
também poderão ser responsabilizados por ações de suas
subsidiárias fora dos EUA.
RIGOR
Para o senador republicano John McCain, a legislação
representa "as mais poderosas sanções já impostas pelo
Congresso ao governo iraniano". Ele afirmou que as companhias estrangeiras poderão escolher se farão negócios com o Irã ou com os EUA.
O discurso do republicano
está afinado com a pressão
que a Casa Branca vem fazendo sobre outros países
desde antes de a quarta rodada de sanções do Conselho
de Segurança ser aprovada.
O Irã nega que o seu programa nuclear tenha como
objetivo chegar à bomba atômica e pede a garantia do direito de seguir enriquecendo
urânio para fins pacíficos.
O governo de Mahmoud
Ahmadinejad rejeitou as penalidades da ONU, e ainda é
incerta a eficácia de quaisquer sanções contra o país.
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