São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

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NUTRIÇÃO

Acossada nos últimos anos, a rede teve desempenho inédito em 17 anos devido em parte à oferta de produtos mais "saudáveis"

Cardápio "light" faz disparar as vendas do McDonald's

Lauren Burke - 15.abr.2004/Associated Press
Caixas de opções de comida "saudável" da rede McDonald's


ANDREW GUMBEL
DO "INDEPENDENT"

O McDonald's anunciou na semana passada o aumento mais rápido de suas vendas em 17 anos, em uma virada notável cujo crédito a empresa atribuiu à sua nova linha de saladas e outras opções "saudáveis".
Apenas 18 meses depois do anúncio do primeiro trimestre de prejuízo na história do grupo e de uma queda de dois terços no valor de suas ações, o McDonald's anunciou receita líquida de US$ 591 milhões no segundo trimestre, ante US$ 471 milhões no período em 2003. O ganho de 25% foi o maior avanço trimestral anunciado pelo grupo desde 1987.
O McDonald's enfrentou todos os obstáculos imagináveis nos dois últimos anos -reclamações sobre a qualidade de seu serviço, processos judiciais tentando imputar a culpa pela epidemia norte-americana de obesidade à empresa, pânico relacionado à doença da vaca louca, aumento nos preços da carne bovina e do queijo, ataques de manifestantes contrários à globalização e, mais recentemente, o documentário "Super Size Me", no qual um cineasta de Nova York adota uma dieta de hambúrgueres e fritas do McDonald's e come até adoecer.
O McDonald's e outras cadeias de fast-food parecem ter conseguido despertar de novo o interesse dos consumidores, diversificando seus cardápios e oferecendo opções pelo menos aparentemente saudáveis de comida.
A cadeia Wendy's, subsidiária do McDonald's, e a concorrente Burger King também ampliaram sua linha de saladas e pratos de baixa caloria e com baixo teor de carboidratos, e os resultados foram igualmente positivos para os seus lucros.
Nos EUA, como na Europa e outras partes do mundo, os clientes podem agora pedir frutas fatiadas, sanduíches sem pão e hambúrgueres servidos apenas com alface, água mineral em lugar de refrigerantes e "saladas premium" que valem por uma refeição. A empresa, além disso, começou a oferecer cerca de dois meses atrás o uso de máquinas "stepometer", que permitem aos seus fregueses monitorar a quantidade de exercício que realizam ao longo do dia.
Não se sabe ainda se o sucesso se deve a uma percepção de qualidade e de saúde gerada pelo seu novo cardápio, ou simplesmente à maior variedade de produtos agora disponível.
No filme "Super Size Me", Morgan Spurlock usa estatísticas do próprio McDonald's para mostrar que as saladas da empresa também estão repletas de gordura, colesterol e outros produtos vistos como pouco saudáveis devido aos molhos e aos demais ingredientes além das verduras. A salada Caesar com frango, por exemplo, contém mais gordura que um hambúrguer com queijo.
O filme de Spurlock foi um desastre de relações públicas, se bem que não uma catástrofe comercial, para a empresa. Pouco antes de seu lançamento nos EUA, o McDonald's abandonou a prática de vender porções gigantes de fritas e Coca, e decidiu oferecer o "stepometer" aos seus fregueses.
Mas outras críticas persistem. O Departamento da Saúde americano divulgou no mês passado uma "lista da vergonha" com os nomes de 27 empresas, entre as quais McDonald's, Nestlé e Heinz, por não terem formulado planos adequados quanto à redução do nível de sal em seus produtos.


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